São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Parque é reaberto e lago seco vira atração

Previsão é que obra emergencial no parque da Aclimação seja concluída hoje; amanhã, lago deve voltar a ser enchido

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O funcionário do parque da Aclimação José Luiz da Silva, 46, olhava cabisbaixo a única área do lago ainda coberta por um pouco d'água, depois que, na última segunda-feira, quase todos os 78 milhões de litros do local foram tragados por um vertedouro rompido. "Sobraram alguns peixes, olha." Ontem pela manhã, os cerca de dez sobreviventes se contrapunham a uma paisagem que fazia com que dezenas de frequentadores balançassem a cabeça. "Foi um tsunami ao contrário", disse o bancário David Vaz Almeida, 45. Para ele, pior do que o lago vazio foi ver a sujeira e o lodo acumulado. Exposto ao sol, o fundo do lago emanava um cheiro forte. "Dá mais tristeza ver malcuidado desse jeito. O que fica feio é isso aí." Depois de ter ficado fechado na terça e na quarta-feira, o parque da Aclimação reabriu ontem com a área do lago totalmente cercada por uma tela plástica. Segundo a prefeitura, a medida era precondição para que o parque fosse reaberto. Grupos de frequentadores se reuniam na área próxima ao vertedouro, comentando o esvaziamento e assistindo aos funcionários da Épura, empresa contratada emergencialmente pela prefeitura, consertarem a estrutura rompida. "A lama não para de descer", disse um dos funcionários pouco antes de o buraco ser cercado para que a obra pudesse continuar. Moradores temem que o acúmulo de resíduos -lodo, galhos, folhas e animais- nas galerias subterrâneas piore as enchentes na região. A forte chuva de quarta-feira fez com que restos de animais saíssem das grelhas de ruas próximas. "Tinha mais de 20 filhotes de peixe pelo chão, tilápias pequenininhas", disse a secretária Odarci Alexandre, 57, moradora da rua Albina Barbosa. "Imagina o que tem de lama, de bicho morto dentro da galeria."

Obra
Diretor-técnico e proprietário da Épura Engenharia, Osvaldo Santi afirmou que o laudo sobre as causas do rompimento da base do vertedouro será entregue só na semana que vem à prefeitura. A gestão Gilberto Kassab (DEM) contratou emergencialmente a empresa por R$ 200 mil para avaliar os estragos e recuperar a estrutura que controla o nível da água do lago. As obras de recuperação, de acordo com Santi, serão concluídas hoje. Após a entrega do laudo, o Ministério Público deve se manifestar sobre o acidente. Segundo a assessoria do órgão, a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente possui um inquérito instaurado em 1993 para acompanhar a manutenção e a poluição do lago. Moradores afirmam que também recorrerão ao Ministério Público para que o órgão acompanhe as obras anunciadas pela prefeitura e impeça que as casas do entorno voltem a ser inundadas. O projeto anunciado pela prefeitura consiste primeiro em encher o lago -a partir deste sábado- para depois limpar o lodo depositado no fundo e contaminado por décadas de despejo de esgoto clandestino. Engenheiros consultados pela reportagem afirmaram que o ideal é que se aproveitasse que o lago está vazio para fazer a limpeza, mas que o cheiro e o aspecto do local podem ter contribuído para que se decidisse enchê-lo antes.


Colaborou CONRADO CORSALETTE da Reportagem Local


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