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SEGURANÇA
PM paulista troca plástico, que causa ferimentos graves, por borracha em granadas usadas para dispersar protestos
Tropa de choque passa a usar bomba "macia"
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os explosivos Preto GL 307,
Branco GL 304 e Vermelho GL
305, usados pela tropa de choque
da Polícia Militar, serão modificados. Esses armamentos são utilizados para dispersar manifestantes nos mais variados tipos de
conflitos, de greves a rebeliões.
Segundo o Centro de Suprimento e Manutenção de Armamentos e Munição da PM, o plástico rígido que envolve os explosivos será substituído por um novo
material, chamado elastômero
macio -um tipo de borracha.
A atual bomba, quando detonada, se transforma em milhares de
pequenos pedaços altamente cortantes. Na nova versão, segundo o
centro de suprimento, os estilhaços se tornam inofensíveis.
Os novos explosivos deverão ser
entregues à Polícia Militar na próxima compra de munição, cuja
data ainda não foi fixada porque
depende do uso do atual estoque e
da liberação de verba do governo
estadual.
Experiências negativas
O pedido de substituição do
material foi feito pela própria tropa de choque, há cerca de um ano.
No uso diário do material, os policiais perceberam o seu perigo e
decidiram chamar o fabricante, a
Condor, para relatar as experiências negativas dos soldados com
as granadas.
Antes disso, esses explosivos já
tinham passado por uma modificação. Na primeira versão, a tampa da bomba, de alumínio, era
lançada como um projétil, podendo até matar quem atingisse.
Para contornar o problema, foi
criado um novo sistema, de duas
explosões -uma fraca, que lança
a tampa, e outra forte, que a destrói completamente.
Ferimentos
O mesmo armamento provocou ferimentos graves em Ingrid
Ferreira Gama, 3, durante a operação policial para conter os detentos da Penitenciária do Estado,
na megarrebelião que atingiu 29
presídios no dia 18 de fevereiro.
Ingrid estava no colo da mãe, a
doceira Rosana Ferreira Gama,
28, na hora em que a bomba foi
lançada para o alto, contra os
amotinados e seus parentes. Porém, em vez de explodir ao cair no
chão, a bomba quicou e explodiu
na altura do rosto da menina.
Os estilhaços do armamento
provocaram ferimentos na mão
direita, na boca e no pescoço de
Rosana. Também atingiram a face, o tórax e os braços da menina.
Ingrid passou por cirurgia plástica no rosto para retirar os estilhaços do explosivo e ficou na
Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) da Santa Casa de Misericórdia durante 17 dias.
"Conceito"
O capitão Carlos Botelho, 43, estrategista da tropa de choque,
afirma que equipamentos não-letais como os explosivos têm essa
classificação, na verdade, por causa da forma como são usados.
"Qualquer um pode matar se for
utilizado de outra maneira. O
não-letal, na verdade, é um conceito", diz Botelho.
A operação da tropa de choque
na penitenciária foi criticada pelos familiares, que acusaram a Polícia Militar de ter sido violenta.
No entanto o comandante da
divisão, coronel Osvaldo de Barros Filho, 50, que capitaneou a
operação do início ao fim, afirma
que ela foi perfeita (leia texto nesta página).
Segundo o coronel, a tropa encontrou uma situação muito adversa na penitenciária, que estava
sem luz, enfumaçada pela queima
de colchões e com um grupo de
cerca de 4.000 pessoas por pavilhão "oferecendo resistência".
Vídeo
A ação da tropa foi gravada em
vídeo por uma equipe da PM.
Aliás, a câmera se tornou um dos
armamentos mais eficientes da
corporação.
A Polícia Militar tem uma equipe de soldados para documentar
em vídeo o trabalho da tropa.
"Gravamos não só para nos defendermos de uma possível acusação como para avaliarmos a
operação", afirma o capitão Carlos Botelho.
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