São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001

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Família quer indenização de R$ 1,5 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

A família de Ingrid Ferreira Gama vai processar o Estado por danos morais e materiais causados na menina pela ação da PM na Penitenciária do Estado.
Segundo o advogado da família, Sérgio Mantovani, o patamar inicial da indenização a ser exigida é de dez mil salários mínimos (cerca de R$ 1,5 milhão).
Ingrid recebeu alta, há cerca de dez dias, da Santa Casa de Misericórdia, mas, de acordo com sua mãe, a doceira Rosana Ferreira Gama, a menina poderá sofrer cirurgia de enxerto em um dos braços atingidos pelos estilhaços.
"Os médicos deram alta porque ela estava há mais de um mês no hospital. Estava triste, e eles acharam que vindo para casa ajudaria na recuperação", afirma Rosana.
"No dia em que ela saiu do hospital, ainda havia um pedaço de plástico no corpinho dela. Quando puxei, vi que era grande", diz. Segundo ela, todos os estilhaços retirados do corpo da menina estão sendo enviados para a perícia médica. "Mas ainda há alguns."
Apesar das dores que Ingrid ainda sente, Rosana diz que compreende "em parte" a ação policial na penitenciária. "A situação era difícil, mas eles poderiam ter pensado antes de jogar a bomba. Crianças, inválidos e idosos estavam ali", afirma.

PCC
O advogado Sérgio Mantovani diz que o cálculo da indenização não considera as possíveis sequelas deixadas em Ingrid pelo explosivo usado pela polícia.
"Ainda não sabemos o que acontecerá com ela, não temos o laudo médico. Por isso, o valor poderá ser bem maior", afirma.
De acordo com ele, há a probabilidade de Ingrid ficar com alguma deformação em decorrência dos estilhaços do explosivo.
Mantovani, que é também diretor de Atendimento à Vítima da Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo), diz ainda que a informação de que o PCC (Primeiro Comando da Capital) depositou cerca de R$ 1.600 na conta bancária de Rosana "não é verdadeira".
"Várias pessoas ajudaram ela. Eu mesmo deixei o nome dela e o número da conta bancária no mural da Acrimesp, como sempre fazemos. Existe uma campanha na associação de auxílio às vítimas", afirma o advogado. "Na verdade, qualquer um poderia ter depositado o dinheiro."
Rosana diz que os R$ 1.600 que ganhou na época "não durou nem uma semana". "Estou gastando muito com medicamentos, principalmente com a pomada que ajuda na cicatrização. Agora, mesmo, estamos sem condições de comprar mais remédios", diz.


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