São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001

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Agenda de Beira-Mar abre nova crise entre PF e promotores do Rio

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma agenda supostamente pertencente a Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, abriu nova crise entre a Polícia Federal, promotores e policiais do Estado do Rio, que viajaram à Colômbia em busca de informações sobre o traficante.
O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, Getúlio Bezerra, criticou a divulgação de dados da agenda que o Exército colombiano apreendeu com a mulher de Beira-Mar, Jaqueline Alcântara Moraes, em 11 de fevereiro. "O prejuízo para a investigação é incalculável", disse Bezerra, para quem o teor da agenda foi divulgado por promotores e policiais fluminenses.
O delegado afirmou que recebeu a agenda após a apreensão e que investigava em sigilo os nomes de traficantes, empresários e políticos anotados pelo traficante. Segundo ele, a PF tem ajudado o Exército colombiano a localizar a quadrilha de Beira-Mar.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, rebateu as críticas. "A PF tem sido morosa. A polícia colombiana só soube quem era Beira-Mar após nossa primeira visita àquele país. Ele estava criando um império nas nossas barbas, e as autoridades competentes nada fizeram."
A agenda registraria informações sobre a contabilidade de Beira-Mar e detalharia operações de troca de armas por cocaína.
"Esta agenda está agora nas mãos certas do Ministério Público. Gostaria de saber qual é a desconfiança do delegado", disse a promotora da 3ª Central de Inquérito, Márcia Velasco.
A missão dos promotores foi definida após Quintal ter lido na Folha, no dia 14, o comandante da 4ª Divisão do Exército colombiano, general Arcesio Barrero, dizer que a prisão de Beira-Mar ocorreria em "dois ou três dias".
No dia 17, dois policiais, um delegado e três promotores viajaram para a Colômbia a fim de se encontrar com Barrero.
Na ocasião, Bezerra lamentou a viagem dos promotores. "Estão fazendo de Beira-Mar um troféu. Ele é um cachorro morto onde todos querem sentar em cima para tirar fotografias.", afirmou ele.
Essa foi a segunda missão do governo do Rio em busca de Beira-Mar na Colômbia que causa atrito entre o Estado e a PF.
Em outubro, Quintal, o subsecretário Lenine de Freitas e Márcia Velasco foram à Colômbia sem informar à PF. Quase foram barrados no aeroporto de Bogotá porque não se vacinaram contra febre amarela.



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