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VIOLÊNCIA
Denunciada pela filha, dona de sítio é suspeita de usar crianças para tráfico ou em rituais religiosos; ela nega acusações
Polícia acha ossadas de bebê em sítio do MA
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Três ossadas de bebê foram encontradas no terreno de um sítio
em Caxias (360 km de São Luís,
MA), na última sexta-feira. A lavradora Graciete Silva, 42, proprietária do local, está presa preventivamente. A Polícia Civil investiga hipóteses de tráfico ou uso
de crianças em rituais religiosos.
A lavradora está detida na Delegacia da Mulher de Caxias para
evitar, segundo a Justiça, acuamento de testemunhas ou um
possível linchamento.
As denúncias contra Graciete,
que nega as acusações, começaram na semana passada. Sua filha
F.S., 17, procurou a Promotoria da
Infância e da Juventude do município para denunciar maus-tratos.
"A menina estava muito machucada. Exames comprovaram
que eram ferimentos provocados
por fios elétricos e palmatória",
afirmou Lítia Cavalcanti, promotora da Infância e da Juventude.
A Promotoria conseguiu um
mandado de busca e apreensão
na casa da lavradora. "Em seu depoimento, a menina falou que a
mãe teria matado crianças. Era
preciso averiguar", disse Lítia.
Na busca feita no sítio, a polícia
encontrou material que seria para
realizar abortos, seringas, fotos de
21 crianças e objetos religiosos.
No terreno, três ossadas de bebê
foram descobertas. Os ossos
-enterrados superficialmente-
não estavam em caixões.
"Estamos atrás da identidade
das crianças das fotos. Testemunhas estão sendo ouvidas. Foi
presa uma mulher que se disse
ajudante de Graciete Silva em rituais religiosos", declarou o delegado Jair Lima Paiva.
Cinco crianças -duas de 2 anos
e as outras de 8, 10 e 12 anos- e
dois adolescentes -ambos de 17
anos- moravam no sítio. Segundo a polícia, só F.S. seria filha da
mulher. Segundo a Promotoria,
as crianças e os adolescentes apresentam lesões pelos corpos.
Em entrevista à Agência Folha,
Graciete disse que era parteira.
"Eu fazia parto para mulheres carentes. Acontece que uma criança
chegou morta e outras duas morreram após o parto aqui em casa.
Resolvi enterrar no sítio mesmo,
não vi mal nenhum nisso."
A lavradora afirmou que crianças eram deixadas na porta de sua
casa e que passava a criá-las. Sobre as 21 fotos encontradas no sítio, disse: "São afilhados ou filhos
que passaram pela minha casa".
"Não fazia abortos, nem magia
negra, só ajudava necessitados."
A promotora pretende denunciar Graciete Silva por homicídio
qualificado, tortura, ocultação de
cadáver e maus-tratos a crianças.
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