São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Famílias sem teto invadem prédio abandonado na região central de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 450 famílias sem teto invadiram na madrugada de ontem edifício abandonado defronte à estação da Luz, no centro de São Paulo, onde funcionou até o final dos anos 80 o hotel Santos Dumont. Os sem-teto se reuniram em seis prédios nas imediações e, às 23h50, saíram em passeata rumo ao Santos Dumont, que teve os cadeados arrombados pontualmente à 0h de ontem.
A Guarda Civil Metropolitana foi chamada, mas não impediu a invasão, organizada por um consórcio de três grupos: o MSTRC (Movimento dos Sem-Teto da Região Central de São Paulo), o MMRC (Movimento de Moradia da Região Centro) e o MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro).

Escombros
Com seis andares, o edifício Santos Dumont estava ontem com as instalações sanitárias em escombros, com a água cortada e com lixo espalhado pelos quartos.
A sorveteira Adriana Carassa, 47, foi com a filha de 22 anos, o marido dela (gari) e os três netos, para a invasão do Santos Dumont. Até ontem morando em outro prédio invadido no centro de São Paulo, a família de Adriana teria de sair do local hoje por força de uma ação de reintegração de posse. "O jeito foi vir para cá", diz ela, cuja família ocupará um quarto de 2,5m por 3m.
O Santos Dumont fica grudado na "cracolândia", região conhecida pelo consumo aberto de crack, e que a prefeitura pretende transformar em pólo de tecnologia. Cerca de 100 usuários de crack tentaram entrar no edifício. Foram impedidos pelos sem-teto.
"Nós revistamos todo mundo. Se tentar entrar com drogas, é expulso na hora do movimento", disse Hamilton Silvio de Sousa, 45, coordenador geral do MSTRC. A Folha procurou o proprietário do Santos Dumont até as 20h de ontem, mas não o encontrou.


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