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Famílias sem teto invadem prédio abandonado na região central de São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 450 famílias sem
teto invadiram na madrugada
de ontem edifício abandonado
defronte à estação da Luz, no
centro de São Paulo, onde funcionou até o final dos anos 80 o
hotel Santos Dumont. Os sem-teto se reuniram em seis prédios nas imediações e, às
23h50, saíram em passeata rumo ao Santos Dumont, que teve os cadeados arrombados
pontualmente à 0h de ontem.
A Guarda Civil Metropolitana foi chamada, mas não impediu a invasão, organizada por
um consórcio de três grupos: o
MSTRC (Movimento dos
Sem-Teto da Região Central
de São Paulo), o MMRC (Movimento de Moradia da Região
Centro) e o MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro).
Escombros
Com seis andares, o edifício
Santos Dumont estava ontem
com as instalações sanitárias
em escombros, com a água
cortada e com lixo espalhado
pelos quartos.
A sorveteira Adriana Carassa, 47, foi com a filha de 22
anos, o marido dela (gari) e os
três netos, para a invasão do
Santos Dumont. Até ontem
morando em outro prédio invadido no centro de São Paulo,
a família de Adriana teria de
sair do local hoje por força de
uma ação de reintegração de
posse. "O jeito foi vir para cá",
diz ela, cuja família ocupará
um quarto de 2,5m por 3m.
O Santos Dumont fica grudado na "cracolândia", região
conhecida pelo consumo aberto de crack, e que a prefeitura
pretende transformar em pólo
de tecnologia. Cerca de 100
usuários de crack tentaram
entrar no edifício. Foram impedidos pelos sem-teto.
"Nós revistamos todo mundo. Se tentar entrar com drogas, é expulso na hora do movimento", disse Hamilton Silvio
de Sousa, 45, coordenador geral do MSTRC. A Folha procurou o proprietário do Santos
Dumont até as 20h de ontem,
mas não o encontrou.
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