|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFÂNCIA
Funcionário público é preso com fotografias de meninas de 10 a 16 anos peladas em posições eróticas
PF prende acusado de pedofilia na Paraíba
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A JOÃO PESSOA
A Polícia Federal na Paraíba
prendeu ontem um funcionário
público acusado de pedofilia. Ao
menos 13 crianças e adolescentes
entre 10 e 16 anos teriam tido envolvimento com o homem de 40
anos, segundo denúncia feita pela
Pastoral do Menor, organismo da
Igreja Católica local.
Na casa dele, num bairro de
classe média de João Pessoa, a polícia apreendeu uma filmadora, fitas de vídeo, CD-ROMs, um computador e fotografias em que aparecem meninas em poses eróticas.
Até a conclusão desta edição, a
PF mantinha sob sigilo o nome do
suposto pedófilo. Segundo a pastoral, ele seria conhecido pelas
menores como Lelo.
O deputado federal Orlando
Fantazini (PT-SP), presidente da
Comissão de Direitos Humanos
da Câmara dos Deputados, que
está em João Pessoa acompanhando a prisão, informou que
Lelo negou que as imagens das
meninas nuas tivessem sido veiculadas na internet. "Ele disse que
todo o material era para consumo
próprio", afirmou o deputado.
O artigo 241 do Estatuto da
Criança e do Adolescente considera crime "fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente". A pena é prisão de
um a quatro anos.
Se a perícia feita nas fitas de vídeo comprovar que o suposto pedófilo fazia sexo oral com meninas de 10 e 11 anos- de acordo
com as denúncias feitas à polícia- ele poderá ser indiciado por
atentado violento ao pudor, que,
assim como estupro é crime hediondo (que é inafiançável e não
dá direito à anistia).
As denúncias contra Lelo são
fruto de meses de investigação feitas por membros da Pastoral do
Menor do município de Santa Rita (30 km de João Pessoa).
Os voluntários da pastoral se
envolveram com o caso depois
que N.D., 11, filha de uma funcionária da instituição, contou à mãe
que estava frequentando a casa do
suposto pedófilo, acompanhada
de três vizinhas da mesma idade.
Todas moram no bairro de Marco
Moura, em Santa Rita, uma das
regiões mais pobres dos arredores
da capital paraibana.
Integrantes da pastoral também
conversaram com outras duas
meninas -as irmãs A.,10, e T.,
11,- que seriam outras frequentadoras da casa de Lelo.
A. e T. contaram que há um ano
foram convidadas por uma amiga
para vender revistas na praia em
João Pessoa. Lá, foram informadas de que, na verdade, iriam visitar o funcionário público.
O esquema funcionava, segundo as meninas e as investigações
feitas pela pastoral, da seguinte
forma: a menina do bairro de
Marco Moura responsável por
convidar as amigas fazia um contato telefônico com Lelo por meio
de telefone celular e avisavam que
estavam saindo de Santa Rita em
direção a João Pessoa.
De acordo com o combinado,
elas deveriam esperá-lo no sinal
de trânsito da rua Duque de Caxias, na capital paraibana. O suposto pedófilo dirigia um Fiat placas KLN 0933.
"Assim que o sinal fechava a
gente entrava rapidinho no banco
de trás e ficava abaixada até chegar na casa dele", revelou N.D. em
uma fita gravada pelos integrantes da Pastoral do Menor à qual a
Folha teve acesso.
Na casa de Lelo, as meninas
eram esperadas com o que classificaram de "banquete": pizza, refrigerantes, hambúrgueres e doces. Relatam ainda que eram levadas para tomar banho de banheira. Depois disso, seriam obrigadas
a praticar sexo oral com o funcionário público acusado.
Uma delas gravava as sessões de
sexo com uma filmadora. As imagens, dizem as meninas, podiam
ser vistas "na mesma hora" na tela do computador. Todas receberiam R$ 10 pelo "trabalho".
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Depoimento: "Eu não queria nem ter visto aquilo" Índice
|