São Paulo, sábado, 27 de abril de 2002

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INFÂNCIA

Funcionário público é preso com fotografias de meninas de 10 a 16 anos peladas em posições eróticas

PF prende acusado de pedofilia na Paraíba

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A JOÃO PESSOA

A Polícia Federal na Paraíba prendeu ontem um funcionário público acusado de pedofilia. Ao menos 13 crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos teriam tido envolvimento com o homem de 40 anos, segundo denúncia feita pela Pastoral do Menor, organismo da Igreja Católica local.
Na casa dele, num bairro de classe média de João Pessoa, a polícia apreendeu uma filmadora, fitas de vídeo, CD-ROMs, um computador e fotografias em que aparecem meninas em poses eróticas.
Até a conclusão desta edição, a PF mantinha sob sigilo o nome do suposto pedófilo. Segundo a pastoral, ele seria conhecido pelas menores como Lelo.
O deputado federal Orlando Fantazini (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que está em João Pessoa acompanhando a prisão, informou que Lelo negou que as imagens das meninas nuas tivessem sido veiculadas na internet. "Ele disse que todo o material era para consumo próprio", afirmou o deputado.
O artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente considera crime "fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente". A pena é prisão de um a quatro anos.
Se a perícia feita nas fitas de vídeo comprovar que o suposto pedófilo fazia sexo oral com meninas de 10 e 11 anos- de acordo com as denúncias feitas à polícia- ele poderá ser indiciado por atentado violento ao pudor, que, assim como estupro é crime hediondo (que é inafiançável e não dá direito à anistia).
As denúncias contra Lelo são fruto de meses de investigação feitas por membros da Pastoral do Menor do município de Santa Rita (30 km de João Pessoa).
Os voluntários da pastoral se envolveram com o caso depois que N.D., 11, filha de uma funcionária da instituição, contou à mãe que estava frequentando a casa do suposto pedófilo, acompanhada de três vizinhas da mesma idade. Todas moram no bairro de Marco Moura, em Santa Rita, uma das regiões mais pobres dos arredores da capital paraibana.
Integrantes da pastoral também conversaram com outras duas meninas -as irmãs A.,10, e T., 11,- que seriam outras frequentadoras da casa de Lelo.
A. e T. contaram que há um ano foram convidadas por uma amiga para vender revistas na praia em João Pessoa. Lá, foram informadas de que, na verdade, iriam visitar o funcionário público.
O esquema funcionava, segundo as meninas e as investigações feitas pela pastoral, da seguinte forma: a menina do bairro de Marco Moura responsável por convidar as amigas fazia um contato telefônico com Lelo por meio de telefone celular e avisavam que estavam saindo de Santa Rita em direção a João Pessoa.
De acordo com o combinado, elas deveriam esperá-lo no sinal de trânsito da rua Duque de Caxias, na capital paraibana. O suposto pedófilo dirigia um Fiat placas KLN 0933.
"Assim que o sinal fechava a gente entrava rapidinho no banco de trás e ficava abaixada até chegar na casa dele", revelou N.D. em uma fita gravada pelos integrantes da Pastoral do Menor à qual a Folha teve acesso.
Na casa de Lelo, as meninas eram esperadas com o que classificaram de "banquete": pizza, refrigerantes, hambúrgueres e doces. Relatam ainda que eram levadas para tomar banho de banheira. Depois disso, seriam obrigadas a praticar sexo oral com o funcionário público acusado.
Uma delas gravava as sessões de sexo com uma filmadora. As imagens, dizem as meninas, podiam ser vistas "na mesma hora" na tela do computador. Todas receberiam R$ 10 pelo "trabalho".



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