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DEPOIMENTOS
"Eu não queria nem ter visto aquilo"
"Na primeira vez eu não pensei
bem no que estava fazendo. Fui
convidada pela A.V. para vender revista, mas depois as meninas me explicaram o que a gente iria fazer.
Elas me disseram que quando eu
chegasse lá [na casa do Lelo] não
era para ter vergonha, medo. As
meninas não ficavam com tanto
medo... Ele também fica nu. Quando a gente chega na casa, vai tomar
banho com ele, depois vai para o
quarto e para a cama para chupar.
Fui a última vez há uns seis ou sete
dias. Mas já vou lá há uns três meses. Tenho vontade de deixar de ir,
mas tenho medo."(T.,10)
"Quando eu ficava brincando
com T. e A. elas me chamaram para
ir lá [na casa do Lelo], mas disseram
para eu não contar para ninguém.
Eu disse que estava certo, mas,
quando voltei, contei para a minha
mãe e ela ficou muito triste e doente. Minha mãe contou para a Pastoral [do Menor]. No começo fiquei
meio triste porque eu queria ir [ à
casa do Lelo] para ganhar dinheiro,
mas minha mãe não queria que eu
fosse. No fim minha mãe deixou eu
ir só para eu voltar e contar a ela como era. Quando a gente chegou lá [
da primeira vez] a gente comeu,
mandaram a gente tirar a roupa, aí
ele disse: quem vai começar hoje?
Ele chamava T., T., e ela foi. Quando
disseram agora é tu, N., eu disse que
não queria ir. As meninas insistiram,
insistiram e ele disse: deixa, ela faz o
que quiser. Ele deixou eu só filmar e
tirar foto. Ele mandava dar tapinha
no negócio dele. Dei uma vez e corri
com medo. Ele disse que não era
pra gente ter medo, que a gente era
como irmãzinha. Uma das meninas
ficou com raiva de mim porque eu
não quis fazer. Quando a gente acabava de fazer tudo ele levava a gente pra praia e tirava muita foto. Depois deixava a gente no ônibus, ia
pro trabalho e a gente vinha pra casa.Quando eu cheguei em casa [depois da primeira vez] minha mãe
perguntou onde eu estava. Fiquei
nervosa e contei tudo. O nome dele
é Marcelo é o apelido é Lelo". (N.D.,
10)
"Eu saí de casa [da primeira vez]
para vender revista, mas a A.V. me
levou para a casa de um homem
que ela disse que era amigo dela.
Quando chegou lá ele mandou a
gente tirar a roupa e eu disse que
não iria tirar. Ela [A.V.] me disse:
agora tu estás aqui, vai ter de tirar.
Eu tirei e fiquei sentada. Ela disse:
vem aqui que é tua vez. Eu não queria nem ter visto aquilo. Ela me disse
que se eu não fizesse não receberia
dinheiro para voltar para casa.
Quando terminou ele nos deixou na
praia e de lá levou para pegar o ônibus e voltar para casa. Meus pais ficaram irritados [por causa da hora] e bateram em mim, mas eu continuei indo lá. Já vou há um ano. A gente sai daqui 10h30 e chega às 15h. A gente esconde o dinheiro da
mãe. Eu já tive vontade de comprar coisas pra casa com esse dinheiro,
mas não tenho como explicar onde consegui. (A.,11)
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