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FEBEM
Promessa já foi feita duas vezes
Unidade será fechada em julho, diz Alckmin
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) prometeu, ontem, desativar a unidade Parelheiros da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) até o dia 15
de julho, a menos de três meses da
eleição para o governo do Estado.
Não é a primeira vez que o governador faz a promessa. Em
março de 2001, Alckmin havia dito que iria desativar a unidade Parelheiros, na zona sul, até o fim de
abril do mesmo ano. A unidade
era então a recordista de denúncias de tortura e maus-tratos tanto de funcionários contra jovens
como entre os próprios internos.
Um ano depois, no dia 5 de
março deste ano, Maria Olívia
Pinto Alves, juíza da Vara da Infância e Juventude de Santo Amaro, determinou o fechamento da
unidade em 90 dias.
Precariedade
A situação no local, segundo a
Comissão de Direitos Humanos
da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), não mudou.
Membros da comissão vêm recebendo, diariamente, denúncias
de violência e maus-tratos de familiares, funcionários e ex-funcionários da instituição.
Na tarde de ontem, em visita à
unidade que Alckmin quer desativar até meados de julho, os advogados encontraram dois adolescentes que haviam sido espancados por monitores há menos de
15 dias, segundo relato deles.
Outros 18 adolescentes reclamaram de maus-tratos e contaram que sofreram algum tipo de
violência nas últimas semanas.
Os internos teriam contado ao
advogado Ariel de Castro que a
política do "couro e da tranca"
-ou seja, de espancamentos e
aprisionamento- é constante.
A unidade, que tem capacidade
para abrigar 320 internos, tem hoje 294 adolescentes. A presidente
da Febem, Maria Luíza Granado,
afirmou que "não admite maus-tratos" contra adolescentes e que
todas as denúncias serão apuradas. "A Febem apura as denúncias e, se constatado o fato, o funcionário é afastado e demitido."
Os advogados irão elaborar um
relatório que será entregue ao Ministério Público para que tenha
início um processo de investigação da instituição.
Inauguração
Ontem, Alckmin inaugurou
duas UIPs (Unidades de Internação Provisória) em São Paulo.
As duas unidades -reformadas em 75 dias- têm o objetivo
de acabar com a superlotação
existente na única "porta de entrada" dos adolescentes na instituição, a UAI (Unidade de Atendimento Inicial) do Brás, única
unidade do tipo no Estado.
O governo do Estado investiu
R$ 1,5 milhão na criação das 240
vagas das UIPs Rio São Francisco
e Rio Tâmisa, que ficam ao lado
da UAI Brás (centro de São Paulo). No último dia 3, a UAI Brás
atingiu a maior superlotação em
dois anos: eram 409 internos em
uma unidade que comporta apenas 62.
(PALOMA COTES)
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