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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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OUTRO LADO

Empresa afirma que não haverá risco depois de confinamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Não vai haver risco depois das obras de confinamento do depósito de cal de Santo André. É o que afirma com veemência a Solvay.
"A empresa sempre primou pela excelência técnica. E a competência técnica da Solvay Brasil está tranquila, está segura do que faz porque conhece profundamente o depósito", afirma o conselheiro jurídico corporativo da multinacional, Reinaldo Silveira.
Os argumentos dele são os seguintes: de seis em seis meses será realizado um monitoramento específico dos diques de cal; o controle da qualidade da água do rio Grande será constante, 24 horas por dia; e todas as amostras retiradas da área e do rio serão entregues à Cetesb para verificação.
E se, mesmo com todas as medidas preventivas, algo de errado ocorrer e for detectado, como a empresa vai fazer para parar rapidamente eventuais vazamentos e impedir danos maiores? "Isso não vai acontecer", responde Silveira.
"O confinamento é usado e tem bons resultados no mundo todo. E a Cetesb exigiu todas as garantias possíveis e imagináveis para a instalação, muito em razão do local onde a empresa está. Caso o monitoramento aponte qualquer indício de problema, a empresa está obrigada a adotar qualquer procedimento que a Cetesb e o Ministério Público exigirem, além de pagar multa de R$ 100 mil por dia. É uma punição bastante eficaz para qualquer um", diz.
Só que as empresas multadas pela Cetesb recorrem da punição e raramente pagam o que devem. A agência ambiental tem um "crédito" de cerca de R$ 160 milhões entre os poluidores do Estado.
Silveira diminui a importância da contaminação do depósito. Segundo ele, a área está em terreno argiloso, portanto, com baixo nível de permeabilidade. Diz também que a fração realmente contaminada dos depósitos é de, no máximo, 10% -embora, para a Cetesb, toda a área esteja comprometida. Afirma ainda que a dioxina mais tóxica e comprovadamente cancerígena para o homem não existe no local -mas há pelo menos 16 outros tipos que apresentam algum nível de toxicidade.
Sobre os teste com tecnologias de descontaminação, Silveira afirma que eles "não são necessários". "Não vai ser numa área de mananciais e de mata atlântica que vamos fazer testes. Não há tecnologia que sirva", sustenta.
Segundo ele, as alternativas sugeridas pelo Greenpeace não resolvem, por exemplo, a contaminação por metais pesados.
Para aumentar a segurança do confinamento, a área dos diques de cal será rodeada por drenos para as águas subterrâneas.
A Solvay tem dois anos, a partir da aprovação do projeto detalhado, para terminar a obra, e diz que a preparação em curso atualmente é necessária para garantir que o prazo será cumprido, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
A região tem pequenos morros, que precisam ser planificados, e a empresa quis começar a preparação antes das chuvas. A Solvay diz já ter gasto R$ 24,9 milhões na remediação da contaminação.


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