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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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URBANISMO

Programa para o centro de SP, lançado por Marta no início do governo, avança na limpeza, mas demora nas reformas

Obras de revitalização só saem em 2004

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo trabalha contra o tempo para entregar as principais obras que darão visibilidade ao programa de revitalização do centro da cidade -prioridade do governo Marta Suplicy (PT), lançado no início da gestão.
A maioria das obras -reformas de prédios e de praças (veja quadro)- será entregue só em 2004, parte delas no segundo semestre, últimos meses da gestão.
Algumas dependem de um empréstimo de US$ 100 milhões (R$ 300 milhões) negociado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que, na melhor hipótese, começa a liberar as primeiras parcelas em outubro.
Em quase dois anos de revitalização (a prefeitura rejeita o termo, preferindo "reabilitação", por considerar o centro "vivo", apesar de degradado), o programa enfrentou burocracias diversas, falência de empresa, mudança de coordenação e recursos escassos. Até o conteúdo do projeto foi modificado no período.
De palpável, as cerca de 2 milhões de pessoas que circulam pelo centro diariamente têm a nova praça Patriarca, a nova iluminação da praça da Sé e do Teatro Municipal, a reforma e ocupação pela prefeitura do prédio do Cine Olido e a mudança das secretarias municipais para a região.
Houve ainda o recapeamento do asfalto das principais vias e o conserto de velhos buracos do calçadão. Implantado há um ano, o programa de zeladoria especial do centro -que inclui varrição, coleta de lixo e lavagem mais frequentes, além da fiscalização dos camelôs- começa a surtir efeito.
O centro está mais limpo e menos esburacado, afirmam dez lideranças da região ouvidas pela Folha. Em compensação, a desordem provocada pelos vendedores ambulantes continua a mesma, com exceções localizadas.
Os que reconhecem o avanço da vassoura e a estagnação do combate ao camelô são os presidentes de Ação Local, programa da Associação Viva o Centro, que institui uma espécie de síndico de rua.
Críticos do serviço público, são eles que ligam para a Subprefeitura da Sé e cobram providências diante de um novo buraco na via.
"Certamente o asfalto, as calçadas e a limpeza melhoraram muito", diz o empresário Luís Alberto Pereira da Silva, há 30 no centro, líder da Ação Local São Bento. "Mas isso nem sempre aparece", diz o também empresário Carlos Beutel, da Barão de Itapetininga.
O motivo seria, para todos do programa, a presença maciça dos camelôs. "Particularmente, para mim, está pior hoje, que há mais fiscais na rua e o mesmo número de ambulantes ilegais", afirma Odivaldo Souza da Silva, gerente administrativo do shopping Light, na rua Xavier de Toledo.
"As mercadorias são as mesmas ilegais de sempre. Quando assaltam a bilheteria do Metrô, lota de banquinhas que vendem bilhete e passe. É a tática do olho no "rapa'", critica o consultor Francisco Roberto Pires Faria de Paula, que cuida da avenida São Luiz.
O presidente da diretoria-executiva da Viva o Centro, Marco Antônio Ramos de Almeida, diz que, ao contrário das últimas três gestões, a atual "adotou de fato a idéia da reabilitação do centro", mas patinou em alguns momentos. "Houve problemas iniciais, que atrapalharam e foram corrigidos, mas atrasaram o processo."
Ramos de Almeida se refere à primeira versão do programa, elaborado por Clara Ant, hoje assessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o documento errou ao prever medidas para todos os dez distritos do centro. A prefeitura errou ainda, em sua opinião, ao centralizar nas mãos de Clara o programa e a Administração Regional da Sé.
Amanhã, completa um ano que a prefeita lançou a nova versão do programa, elaborado pela atual presidente da Empresa Municipal de Urbanização, Nadia Somekh. Na atualização, as ações do programa passaram a ser focalizadas no centro histórico (Sé e República). Hoje, é Marcos Barreto, ex-chefe de gabinete da Secretaria da Habitação, o coordenador.
No próximo dia 5, desembarca em São Paulo a última missão do corpo técnico do BID para a capital. Eles permanecerão durante três semanas analisando o programa. O convênio com o banco prevê o investimento de US$ 168 milhões (US$ 68 milhões da prefeitura), em cinco anos.


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