São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Kassab e Serra recuam de pedagiar marginal

Prefeito retirou ontem da Câmara projeto que iria transferir administração das marginais Tietê e Pinheiros ao Estado

Desgaste na implantação de pedágios dentro da cidade e a dificuldade em aprovar o projeto foram os principais motivos para recuo

EVANDRO SPINELLI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL), e o governador do Estado, José Serra (PSDB), recuaram e desistiram da implantação de pedágios urbanos nas marginais Pinheiros e Tietê, na capital. O projeto que transferia ao Estado a administração das duas avenidas e autorizava a concessão delas à iniciativa privada, com instalação de novas pistas pedagiadas, foi retirado ontem da Câmara por Kassab.
Foram dois os motivos que levaram ao recuo de Serra e Kassab: o desgaste que eles enfrentariam na implantação de pedágios dentro da cidade e a dificuldade que eles encontravam, inclusive na própria base de sustentação do governo, de aprovar o projeto na Câmara. Oficialmente o discurso é técnico. Um dos motivos é que não teria sido encontrada uma equação financeira que permitisse a viabilização do projeto. Serra afirma que os técnicos, originalmente, diziam que não seria necessário reduzir a largura das atuais pistas das marginais -que, pela proposta, seriam mantidas sem cobrança de tarifa- para a construção de novas pistas com pedágio.
Porém, os projetos teriam demonstrado recentemente que haveria diminuição das faixas atuais. Ou seja, redução de espaço para quem optasse por usar a pista não-pedagiada. "Por enquanto está adiada porque não se chegou a uma fórmula de engenharia. Tinham me dito que resolveriam os problemas, mas chegou na hora não estava [resolvido]", declarou Serra ontem.
O governador afirmou, porém, que parte da idéia sairá do papel com as obras já anunciadas de novas alças de acesso da Anhangüera, Castello e Dutra às marginais, na chegada a São Paulo, e aditamentos contratuais com as concessionárias das rodovias prevendo que elas façam a manutenção de alguns trechos das pistas na capital. Apesar da desistência de fazer a concessão das marginais, Kassab ainda tenta viabilizar um projeto que permita a realização das obras com recursos da iniciativa privada.
A prioridade de Kassab agora é aprovar na Câmara um projeto enviado em setembro que permite a realização de parcerias público-privadas. A intenção da administração, de acordo com o líder do governo na Câmara, José Police Neto, o Netinho (PSDB), é fazer a reforma das marginais em parceria com a iniciativa privada, mas sem a cobrança de pedágio. "Pode-se fazer concessão com pagamento sem ser pelo pedágio. É isso que está sendo discutido agora. O pagamento da obra pode ser feito pelo tesouro municipal", afirmou.
A Câmara aprovou o projeto ontem em primeira votação com 36 votos a favor e 7 contra. A matéria será votada em segundo turno no dia 8. No total, de acordo com Kassab, a reforma das marginais custa cerca de R$ 4 bilhões e a prefeitura não tem condições de fazer uma obra desse porte com recursos próprios.


Colaborou DIEGO ZANCHETTA, do "Agora"


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