MALU GASPAR
da Reportagem Local

Cinco familiares dos dez sequestradores do empresário Abílio Diniz, que estão em greve de fome há 14 dias, chegaram ontem a São Paulo para visitá-los e pedir a dom Paulo Evaristo Arns que ajude a achar uma solução rápida para o impasse entre presos e governo.
Segundo Breno Altman, representante do comitê que apóia os sequestradores, não há nenhum tipo de acordo entre os presos e o juiz Otávio Augusto Machado de Barros Filho, da Vara de Execuções Criminais.
O juiz fez uma visita aos presos na semana passada e falou sobre a possibilidade de reexaminar o caso de todos eles, mas, segundo Altman, não há ainda negociação formal entre a Justiça e os advogados dos presos.
Além do pai do brasileiro Raimundo Rosélio Costa Freire, vieram ao Brasil, com passagem paga pelo governo chileno, as mães de Sergio Urtubia e Pedro Lembach, a irmã de Ulisses Gallardo e o pai de Hector Ramon Tapia.
Eles passaram todo o domingo na porta da penitenciária onde estão os sequestradores. No final da tarde, foram à catedral da Sé, onde dom Paulo faria uma oração pelos seus parentes.
Eles pretendem permanecer em São Paulo até que o impasse seja resolvido. "Meu filho já foi parar no hospital e nem anda mais direito. Não posso deixar ele aqui sozinho", disse a mãe de Sergio Urtubia, Eliana.
Segundo o médico Paulo César Sampaio, que acompanha os presos diariamente, a visita animou os presos e fez com que o estado de saúde deles não se alterasse de sábado para domingo.
Além dos parentes, Diolinda Alves de Souza, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, esteve ontem na penitenciária. Em 97, ela ficou cinco dias presa na mesma cela da chilena Maria Emília Marchi.
Segundo Sampaio, os chilenos Sergio Urtubia e Humberto Paz, que na sexta-feira foram levados ao Hospital das Clínicas para avaliação médica, ainda preocupam.
Os dois tiveram queda da quantidade de potássio no organismo. Uma falta acentuada e prolongada de potássio, segundo o médico, pode causar falência de órgãos.
Até agora, o argentino Humberto Paz já perdeu 9,1 kg. Hoje, a Folha publica mais um relato dele, em forma de diário, sobre a experiência da greve (veja abaixo).
Maria Emília Marchi, uma das duas mulheres do grupo de sequestradores, está com infecção urinária, consequencia do enfraquecimento do sistema de defesa do organismo. Sampaio disse que a tendência é que esse tipo de alteração comece a ser frequente.



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