São Paulo, terça, 27 de maio de 1997.



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CADEIAS EXPLOSIVAS 2
João Benedicto de Azevedo Marques nega a existência do comando, mas diz que pode investigá-lo
Organização é uma ficção, diz secretário

da Reportagem Local

O secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, voltou a afirmar ontem que o PCC (Primeiro Comando da Capital), suposta organização de presos, não existe. "É uma ficção. Uma bobagem. Estou absolutamente convencido disso. Sou secretário há quase dois anos e nunca vi qualquer manifestação desse grupo", afirmou. Apesar de não acreditar na existência do PCC, Marques afirmou que poderá investigar as denúncias feitas por um preso do interior do Estado à CNBB. Segundo a denúncia, o PCC estaria promovendo atos de terror nos presídios de São Paulo. "Se a denúncia da CNBB for encaminhada para nós, vamos investigar", declarou o secretário. 'Brubaker'
Mesmo negando que exista tal organização de presos, Azevedo Marques reconhece que toda penitenciária tem seus grupos internos, espécies de líderes. Mas descarta a hipótese de esses grupos promoverem atos de terror, como assaltos, extorsão e assassinatos. "Você assistiu aquele filme 'Brubaker'? Isso acontece em todo o mundo", disse o secretário, se referindo ao filme, estrelado por Robert Redford, que mostra os problemas enfrentados pelo novo diretor (Redford) de um presídio. De acordo com Azevedo Marques, esses problemas só vão deixar de existir quando o complexo penitenciário do Carandiru for desativado. O secretário afirmou também que não irá, de forma alguma, desativar a Casa de Custódia de Taubaté, prisão de segurança máxima que supostamente é alvo de críticas do PCC. "Não só não vamos fechar como vamos construir uma segunda cadeia de segurança em Sorocaba." De acordo com Azevedo Marques, a Casa de Custódia de Taubaté abriga os presos mais perigosos de todo o país. Comando Vermelho
Azevedo Marques considera irresponsáveis as pessoas que estão por trás da divulgação de informações sobre a suposta organização de criminosos. "Não adianta quererem passar para São Paulo um coisa que é do Rio de Janeiro", declarou ele, se referindo ao Comando Vermelho, famosa organização criminosa carioca. Em seu suposto "estatuto", o PCC sugere uma ligação com o CV. No última sexta-feira, um integrante da organização carioca informou à Folha que conhece a existência do PCC, mas não pôde confirmar se existe algum tipo de ligação com o CV. "Volto a reafirmar. Isso (PCC) não existe. Essa organização não existe até agora, 19h20 de hoje (ontem), declarou Azevedo Marques. O secretário da Administração Penitenciária afirmou ainda temer o surgimento de uma nova histeria nos meios de comunicação e na população, se referindo ao que aconteceu na época em que se investigava um grupo chamado Serpente Negra, também suposta organização de presos (leia texto nesta página). "Era uma coisa que nunca conseguiram comprovar", declarou Azevedo Marques. (CRISPIM ALVES)



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