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CADEIAS EXPLOSIVAS 2
João Benedicto de Azevedo Marques nega a existência do comando, mas diz que pode investigá-lo
Organização é uma ficção, diz secretário
da Reportagem Local
O secretário da Administração
Penitenciária, João Benedicto de
Azevedo Marques, voltou a afirmar ontem que o PCC (Primeiro
Comando da Capital), suposta organização de presos, não existe.
"É uma ficção. Uma bobagem.
Estou absolutamente convencido
disso. Sou secretário há quase dois
anos e nunca vi qualquer manifestação desse grupo", afirmou.
Apesar de não acreditar na existência do PCC, Marques afirmou
que poderá investigar as denúncias feitas por um preso do interior
do Estado à CNBB.
Segundo a denúncia, o PCC estaria promovendo atos de terror nos
presídios de São Paulo. "Se a denúncia da CNBB for encaminhada
para nós, vamos investigar", declarou o secretário.
'Brubaker'
Mesmo negando que exista tal
organização de presos, Azevedo
Marques reconhece que toda penitenciária tem seus grupos internos, espécies de líderes. Mas descarta a hipótese de esses grupos
promoverem atos de terror, como
assaltos, extorsão e assassinatos.
"Você assistiu aquele filme
'Brubaker'? Isso acontece em todo
o mundo", disse o secretário, se
referindo ao filme, estrelado por
Robert Redford, que mostra os
problemas enfrentados pelo novo
diretor (Redford) de um presídio.
De acordo com Azevedo Marques, esses problemas só vão deixar de existir quando o complexo
penitenciário do Carandiru for desativado.
O secretário afirmou também
que não irá, de forma alguma, desativar a Casa de Custódia de Taubaté, prisão de segurança máxima
que supostamente é alvo de críticas do PCC.
"Não só não vamos fechar como
vamos construir uma segunda cadeia de segurança em Sorocaba."
De acordo com Azevedo Marques,
a Casa de Custódia de Taubaté
abriga os presos mais perigosos de
todo o país.
Comando Vermelho
Azevedo Marques considera irresponsáveis as pessoas que estão
por trás da divulgação de informações sobre a suposta organização
de criminosos. "Não adianta quererem passar para São Paulo um
coisa que é do Rio de Janeiro", declarou ele, se referindo ao Comando Vermelho, famosa organização
criminosa carioca.
Em seu suposto "estatuto", o
PCC sugere uma ligação com o CV.
No última sexta-feira, um integrante da organização carioca informou à Folha que conhece a
existência do PCC, mas não pôde
confirmar se existe algum tipo de
ligação com o CV.
"Volto a reafirmar. Isso (PCC)
não existe. Essa organização não
existe até agora, 19h20 de hoje (ontem), declarou Azevedo Marques.
O secretário da Administração
Penitenciária afirmou ainda temer
o surgimento de uma nova histeria
nos meios de comunicação e na
população, se referindo ao que
aconteceu na época em que se investigava um grupo chamado Serpente Negra, também suposta organização de presos (leia texto
nesta página). "Era uma coisa que
nunca conseguiram comprovar",
declarou Azevedo Marques.
(CRISPIM ALVES)
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