São Paulo, domingo, 27 de maio de 2001

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Revitalização traz investimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Possível é, mas nenhum prefeito de São Paulo até hoje teve empenho e competência para promover a grande virada no centro da cidade com uma operação urbanística de envergadura como a que transformou, em Buenos Aires, Puerto Madero, antiga área portuária desativada, num dos principais destinos turísticos da cidade, na zona sul da cidade.
O projeto surgiu exatamente da intenção de valorizar a área central de Buenos Aires, num momento de grande recessão. Sua implantação teve influência enorme na vida da cidade, devolveu ao centro o seu caráter residencial e criou novas opções de lazer.
Também o prefeito de Montevidéu, o arquiteto socialista Mariano Arana, em seu segundo mandato, põe em andamento o plano de requalificação do centro histórico da capital do Uruguai e de sua abertura para a baía formada pelo estuário do rio da Prata e o Atlântico, ao mesmo tempo em que investe em saneamento e na atração de novos moradores para antigos e restaurados edifícios da região.
Aos poucos, ele transforma a cidade e ganha reconhecimento internacional, como ganhou Pasqual Maragall, duas vezes prefeito de Barcelona, a segunda cidade da Espanha, que passou por uma autêntica revolução urbana antes de sediar as Olimpíadas de 1992.
Barcelona, com a obstinação do então prefeito e rios de dinheiro, ficou muito mais bonita, e Las Ramblas, o famoso calçadão que atravessa a parte central da cidade, se transformou num novo pólo cultural, com shopping centers, cinemas, restaurantes e boates. Las Ramblas liga a praça da Catalunha (e cruza a praça Real, a mais animada da cidade) ao Porto Velho, antigo reduto de tráfico de drogas e prostituição.
Outra revolução espanhola aconteceu em Bilbao, cidade de indústria pesada, isolada, triste e sem graça que renasceu num domingo, 19 de outubro de 1997, com a inauguração do museu Guggenheim, projeto do arquiteto americano Frank O. Gehry, um dos mais brilhantes da arquitetura contemporânea.
O museu criou um novo centro para a cidade. Sua entrada se encontra com o fim de uma das ruas mais importantes da cidade, a Iparraguirre, que corta Bilbao na diagonal, propositalmente para fazer uma extensão do centro urbano até o museu.
O centro de São Paulo não precisa de investimento de US$ 150 milhões para disputar um Guggenheim. Precisa de gente, vizinhos para os 60 mil moradores que teimam contra a diáspora que, ano a ano, faz a região perder de 4% a 5% de seus moradores por conta de uma decadência que o secretário Jorge Wilheim chama de ausência de coisas que qualquer cidade civilizada tem, como sanitários públicos, bancos, limpeza e segurança para andar na rua.



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