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Revitalização traz investimento
DA REPORTAGEM LOCAL
Possível é, mas nenhum prefeito de São Paulo até hoje teve empenho e competência para promover a grande virada no centro
da cidade com uma operação urbanística de envergadura como a
que transformou, em Buenos Aires, Puerto Madero, antiga área
portuária desativada, num dos
principais destinos turísticos da
cidade, na zona sul da cidade.
O projeto surgiu exatamente da
intenção de valorizar a área central de Buenos Aires, num momento de grande recessão. Sua
implantação teve influência enorme na vida da cidade, devolveu ao
centro o seu caráter residencial e
criou novas opções de lazer.
Também o prefeito de Montevidéu, o arquiteto socialista Mariano Arana, em seu segundo mandato, põe em andamento o plano
de requalificação do centro histórico da capital do Uruguai e de sua
abertura para a baía formada pelo
estuário do rio da Prata e o Atlântico, ao mesmo tempo em que investe em saneamento e na atração
de novos moradores para antigos
e restaurados edifícios da região.
Aos poucos, ele transforma a cidade e ganha reconhecimento internacional, como ganhou Pasqual Maragall, duas vezes prefeito
de Barcelona, a segunda cidade da
Espanha, que passou por uma autêntica revolução urbana antes de
sediar as Olimpíadas de 1992.
Barcelona, com a obstinação do
então prefeito e rios de dinheiro,
ficou muito mais bonita, e Las
Ramblas, o famoso calçadão que
atravessa a parte central da cidade, se transformou num novo pólo cultural, com shopping centers,
cinemas, restaurantes e boates.
Las Ramblas liga a praça da Catalunha (e cruza a praça Real, a mais
animada da cidade) ao Porto Velho, antigo reduto de tráfico de
drogas e prostituição.
Outra revolução espanhola
aconteceu em Bilbao, cidade de
indústria pesada, isolada, triste e
sem graça que renasceu num domingo, 19 de outubro de 1997,
com a inauguração do museu
Guggenheim, projeto do arquiteto americano Frank O. Gehry, um
dos mais brilhantes da arquitetura contemporânea.
O museu criou um novo centro
para a cidade. Sua entrada se encontra com o fim de uma das ruas
mais importantes da cidade, a
Iparraguirre, que corta Bilbao na
diagonal, propositalmente para
fazer uma extensão do centro urbano até o museu.
O centro de São Paulo não precisa de investimento de US$ 150
milhões para disputar um Guggenheim. Precisa de gente, vizinhos
para os 60 mil moradores que teimam contra a diáspora que, ano a
ano, faz a região perder de 4% a
5% de seus moradores por conta
de uma decadência que o secretário Jorge Wilheim chama de ausência de coisas que qualquer cidade civilizada tem, como sanitários públicos, bancos, limpeza e
segurança para andar na rua.
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