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RONDÔNIA
Reserva indígena foi invadida por garimpeiros em busca de diamantes; desde o início do ano, 12 corpos foram localizados
PF encontra sete ossadas em garimpo ilegal
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal localizou sete
ossadas, anteontem, na reserva
indígena Roosevelt, no sudeste de
Rondônia, onde há um garimpo
ilegal de diamantes. Desde o início do ano foram encontradas, no
total, 12 ossadas na reserva.
O superintendente da PF em
Rondônia, Marco Aurélio de
Moura, solicitou um helicóptero à
Polícia Federal em Brasília para
fazer o resgate das ossadas. "Ainda não sabemos se os corpos são
de garimpeiros ou índios."
A Roosevelt, localizada entre os
municípios de Cacoal e Espigão
d'Oeste, tornou-se uma terra sem
lei desde que começou na área a
exploração ilegal de diamantes,
em agosto de 2000. A estimativa
do DNPM (Departamento Nacional de Pesquisa Mineral) de Rondônia é que tenham saído R$ 160
milhões do garimpo desde o início da atividade.
A PF realiza uma operação na
reserva desde o dia 26 de março
com o objetivo de acabar com a
extração de diamantes. Foram
apreendidas 3.245 pedras e retirados 2.000 garimpeiros. Também
foi preso o israelense Yair Assis,
52, com 50 diamantes.
De acordo com a PF, as pedras
extraídas da Roosevelt vão para a
cidade de Juína, no norte do Mato
Grosso, onde há uma espécie de
bolsa de pedras preciosas. De lá,
sairiam do país.
Para impedir o retorno dos garimpeiros com o fim da intervenção, a PF está construindo uma
base no interior da reserva.
A operação policial foi motivada pelas mortes resultantes do
conflito entre garimpeiros e índios e pela cobrança de pedágio,
por parte das lideranças indígenas, para a exploração mineral.
Para Moura, a conivência dos
índios é responsável pela volta
constante dos garimpeiros. Segundo Antenor Bastos Filho, engenheiro florestal da Funai (Fundação Nacional do Índio) que esteve na Roosevelt em janeiro, líderes indígenas cobram em torno de
R$ 20 mil de cada garimpeiro para
a entrada do maquinário.
"Eles (os índios) ainda cobram
30% do diamante encontrado para que os homens possam continuar trabalhando", disse Moura.
Jazidas
Segundo o gemólogo Amoss de
Oliveira, do DNPM de Mato
Grosso, a maior região produtora
de diamantes do país é Juína. No
ano passado, teriam sido extraídos de lá aproximadamente 450
mil quilates, a um preço médio de
US$ 25 o quilate, o que corresponderia a US$ 11,25 milhões.
"O diamante de Juína é de qualidade industrial, ou seja, seu preço
é mais baixo", disse ele.
Já o restante do país teria produzido, também no ano passado, em
torno de 150 mil quilates, a um
preço médio de US$ 120 o quilate,
que daria em torno de US$ 18 milhões. "Essas pedras são de qualidade gemológica, seu preço é
mais alto."
De acordo com o gemólogo, os
diamantes de baixa qualidade, como os de Juína, vão para a Índia,
onde seriam produzidas jóias de
baixo valor. Já as pedras de qualidade superior vão para a Antuérpia, na Bélgica, centro mundial do
comércio de diamantes.
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