São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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SEGURANÇA

Homem foi baleado dentro de casa pela polícia anti-sequestro; Alckmin diz que, "se houve erro", haverá indenização

SP vai "apoiar" família de morto por engano

FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem, durante uma visita a Campinas (95 km de SP), que vai providenciar "total apoio" à família do autônomo Jorge José Martins, 56, morto em uma operação da Deas (Delegacia Especializada Anti-sequestro) na quarta passada.
"Tudo vai ser apurado com absoluto rigor, rapidamente. Vai ser verificado se houve algum erro na ação policial e, se houve, vai ter punição e a família será indenizada", afirmou Alckmin.
Familiares da vítima protestaram contra o que consideram um "erro brutal" da polícia, durante o sorteio de apartamentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) no estádio Brinco de Ouro da Princesa.
"Tudo o que nós queremos é justiça. Eles assassinaram meu pai covardemente e isso não pode ficar assim. De qualquer forma, vamos processar o Estado", disse José Carvalho Martins, um dos sete filhos do autônomo.
O ouvidor das polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo, Fermino Fecchio Filho, considerou a ação da polícia "desastrosa", apesar de o inquérito que apura o caso ainda não estar concluído.
"Tento falar bem da polícia de Campinas, mas, infelizmente, não consigo", disse o ouvidor em entrevista à Folha na última sexta.
Uma equipe formada por 12 policiais da Deas invadiu a casa do autônomo, no Jardim Bandeira 2, em Campinas, com mandado de busca expedido pela Justiça, suspeitando que o local era utilizado como cativeiro de sequestrados.
Segundo a Deas, o autônomo teria reagido a tiros e foi baleado. A polícia informou que ele não tinha antecedentes criminais.
De acordo com o delegado Edson Jorge Aidar, que cuidará do inquérito que investiga o caso, os policiais que participaram da ação dizem que o autônomo estava armado com um revólver calibre 38 com numeração raspada.
A família da vítima reconhece que o autônomo possuía um revólver calibre 32, mas diz que ele não portava a arma e não reagiu.
Segundo José Martins, um dos filhos do autônomo, os policiais, sem identificação, arrombaram a porta da casa da família. O pai dele teria sido baleado quando abria a janela para ver o que estava ocorrendo. A polícia fez exame residuográfico nas mãos do autônomo para saber se ele atirou.

Fim de sequestro
O médico perito do Fórum de Jundiaí Ronald Andrade de Souza, 45, sequestrado no último dia 22, em frente ao shopping da cidade, foi libertado às 6h de ontem, em Santo Amaro (zona sul de SP).
Houve pagamento de resgate, de acordo com a polícia. O pedido inicial para que o médico voltasse para casa foi de R$ 50 mil, mas o pagamento final foi de R$ 20 mil, segundo a Folha apurou.
A família do médico não quer falar sobre o assunto. O perito atendeu ao telefone, em casa, no bairro Jardim Paulista, de classe alta, em Jundiaí (36 km de São Paulo), ontem à noite, mas afirmou que não iria falar a respeito do sequestro -ele disse apenas que estava bem.
Segundo policiais que trabalharam no caso, os sequestradores devem ter mantido o cativeiro em algum ponto da zona sul de São Paulo, de onde foram feitos os telefonemas para a família com os pedidos de resgate.
Souza foi dominado por três homens armados quando deixava os filhos na porta do shopping.


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