São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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FORA DA PRISÃO

Gegê, que ficou 51 dias preso, afirma que vai processar o Estado

Justiça autoriza líder sem-teto a responder processo em liberdade

DA REPORTAGEM LOCAL

Após 51 dias preso, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, um dos principais líderes do movimento dos sem-teto da cidade de São Paulo, conseguiu habeas corpus e deixou ontem à tarde a prisão.
Ao ser recebido pelo seu irmão, o cantor Chico César, por familiares e por políticos do PT, disse ter dois planos: escrever um livro sobre sua experiência na prisão e processar o Estado.
Gegê foi encarcerado no dia 5 de abril, após a decretação de sua prisão preventiva. Ele havia sido denunciado pelo Ministério Público como suposto mentor de um assassinato ocorrido em agosto de 2002 em um acampamento de sem-teto no Ipiranga (zona sul de SP).
Três testemunhas acusaram Gegê. Disseram que teriam visto os assassinos, logo após o crime, entrarem em seu carro.
Gegê, que havia organizado o acampamento, voltou a negar participação no crime. "Foi uma prisão política. Temos que descobrir quem quis calar o nosso movimento", afirmou.
O habeas corpus, que havia sido negado anteriormente de forma provisória, foi concedido ontem de forma definitiva pela 3ª Câmara do Tribunal de Justiça. Agora, ele vai responder ao processo em liberdade.
Com lágrimas no rosto, o líder dos sem-teto afirmou que passou por uma "experiência rica e triste" na cadeia. "Foi a prova da falência do Estado."
Para o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), que defende Gegê, a libertação é um passo importante para a descriminalização dos movimentos sociais no país. "Sua prisão preventiva não tinha fundamentação. Lembrei-me dos presos políticos do regime militar."


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