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MÁFIA DOS FISCAIS
Acusado de cobrar propina, ele poderá recorrer em liberdade
Ex-vereador Hanna Garib é
condenado a 20 anos de prisão
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-vereador de São Paulo e
deputado estadual cassado Hanna Garib foi condenado a 20 anos
de prisão sob a acusação de ter liderado um esquema de arrecadação de propinas entre 1993 e 1999
na Administração Regional da Sé.
A decisão foi proferida pelo juiz
Carlos Alberto Corrêa de Almeida
Oliveira, da 4ª Vara Criminal. Garib poderá recorrer em liberdade.
Ele foi denunciado pela Promotoria por formação de quadrilha e
concussão (extorsão praticada
por funcionário público), num
dos casos da chamada "máfia da
propina", que também chegou a
levar à prisão os ex-vereadores
Vicente Viscome e Maria Helena.
Baseado no depoimento de testemunhas, Almeida Oliveira considerou que Garib comandou um
grupo que exigia valores de camelôs para evitar a apreensão de
mercadorias ou facilitar a liberação de produtos apreendidos.
Além do ex-vereador, foram
condenados Antônio Libânio de
Melo (20 anos de prisão), que trabalhava com Garib, Antônio Alberto Alves (17 anos e seis meses),
responsável pelas mercadorias
apreendidas na Sé, e João Bento
dos Santos Filho (17 anos e seis
meses), que era titular da antiga
administração regional.
A ex-assessora de Garib Ieda
Mascarenhas de Souza Barbosa
foi absolvida. A própria Promotoria considerava não haver provas
suficientes para incriminá-la.
O juiz da 4ª Vara Criminal, em
sua decisão, afirmou que "a grandiosidade do esquema [...] não
deixa dúvida a respeito da existência de uma organização criminosa, com cadeia de comando, divisão de tarefas com uma finalidade comum e controle territorial".
Na sentença, ele escreveu que a
pena é "um lembrete para todos
que busquem o crime como um
estilo de vida, em especial os que
possuem funções públicas".
Os 20 anos de prisão foram justificados pelo juiz devido à formação de quadrilha e aos cinco casos
de concussão, envolvendo, entre
outros, os camelôs da rua Santa
Ifigênia e da 25 de Março. A Folha
apurou que a própria Promotoria
considera provável que a pena seja reduzida, em segunda instância, para menos de dez anos.
O juiz da 4ª Vara Criminal também determinou que Garib pague
multa que ainda será calculada,
mas que deve passar de R$ 10 mil.
O esquema de propinas na regional da Sé ganhou destaque
após a prisão em flagrante, em
1999, de dois responsáveis pela arrecadação semanal do dinheiro
dado por camelôs. Em novembro
de 2000, Garib teve prisão decretada, acusado de tentar subornar
testemunhas da investigação, mas
foi solto em março de 2001.
O ex-vereador e os demais acusados negaram os crimes durante
toda a investigação. A advogada
Mara Lídia Salgado de Freitas,
que defende Garib, afirmou ontem à Folha que não tinha lido a
sentença e que iria se manifestar
somente após analisar seu teor.
O procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Rodrigo Pinho, afirmou ter considerado a condenação "simbólica" para "acabar com
a idéia de que apenas os menos favorecidos cumprem pena".
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