São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004 |
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INFÂNCIA Segundo depoimento, documentos eram falsificados para viagem a exterior Esquema de envio de garotas é revelado
KÁTIA BRASIL DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS A CPI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) de Exploração Sexual do Congresso ouviu depoimentos ontem em Manaus. Uma adolescente e uma pessoa acusada de favorecimento à prostituição confirmaram esquema de falsificação de documentos para envio de garotas para a Venezuela e Guiana. Encapuzada, Monique, 16, disse que teve a certidão de nascimento falsificada em um cartório da cidade há dois anos. Sua idade foi alterada para 19 anos. Em seguida, a garota viajou com aliciadores para Boa Vista, onde fez diversos programas, inclusive com políticos, segundo disse à CPI. Rozilda Maria de Lima, a Kika, que está presa por favorecimento à prostituição, confirmou também o esquema de falsificação de documentos para que as garotas sejam conduzidas para a Guiana e Venezuela, a partir de Manaus. "São policiais que fazem a falsificação (de documentos)", disse Kika, que escreveu em um papel os nomes dos policiais e políticos envolvidos no caso e o entregou aos parlamentares. Kika está presa deste outubro em um presídio feminino juntamente com Leonor Cabral Icassati, a Léo. Kika e Léo eram sócias da MC (Meninas Carinhosas), que segundo a Polícia Federal, era um dos pontos de agenciamento de meninas em uma rota do tráfico internacional. A relatora da CPI, deputada Maria do Rosário (PT-RS), afirmou que a rota internacional tem como epicentro a cidade de Manaus. Da cidade, segundo as investigações, partem 11 rotas nacionais e mais 17 internacionais. Outras duas garotas prestaram depoimentos à CPI. Também encapuzada, Helena, 17, denunciou um esquema de agenciamento de menores envolvendo o produtor de modelos Fernando Salignac. Outra menina, que prestou esclarecimento em caráter sigiloso à CPMI, disse que Salignac a teria contratado para participar de programas com políticos. Salignac disse em depoimento ser representante da Agência Elite. De acordo com a assessoria de comunicação da agência, José Fernando da Cruz (nome verdadeiro do produtor) não presta mais serviços à Elite há quatro anos. Antes desse período, o produtor atuava em Manaus intermediando contato entre possíveis candidatas a modelo. Fundada em 1971, em Paris, pelo americano John Casablancas, Elite tem escritórios em 47 países e reputação internacional pela descoberta de modelos como Cindy Crawford, Linda Evangelista e Gisele Bündchen. Texto Anterior: Saúde: Leishmaniose mata quatro em Minas Próximo Texto: SP chique: Policial arma furto para vender segurança Índice |
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