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JOENILSON XAVIER MENDES (1961-2008)
A vida e a morte no restaurante alemão
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com paciência de garçom
e elegância de gerente, Joenilson Mendes servia mesas
no Konstanz. Havia já perdido a conta dos copos que lavara até realizar seu sonho.
Mas o restaurante era seu.
"Santos" era o apelido que
ganhou ao nascer na cidade
onde o pai trabalhou como
pedreiro. Cresceu em Boninal (BA) labutando no açougue. E aos 17 tentou, também
ele, a sorte em São Paulo, como servente. Isso até pôr os
pés em um restaurante.
Tinha 18 quando virou copeiro do alemão Konstanz,
em Moema -mas "foi demitido por quebrar um vidro de
creme de leite", em 1986.
Mendes foi garçom em outros lugares, sem deixar o anseio de ter seu próprio negócio. E eis que, 20 anos depois, ele comprava o velho Konstanz que o demitira.
Foi em 1º de julho de 2006
que o gerente exultou com a
reabertura do lugar. Lá, servia mesa e até limpava chão,
"com gosto", se precisasse.
Mas sempre com sapato brilhando, cabelo alinhado e
uma das 70 camisas bem passadas -que no armário organizava por tempo e cor, para
nunca repetir. "Tinha um relógio para cada dia da semana", diz a filha. E cremes para
manhã, tarde e noite. "Era
totalmente metrossexual."
Assim ele enfrentava até
14 horas de trabalho. "Enfim,
estava feliz." Até que, na madrugada de sábado, dois bandidos invadiram o restaurante, que já estava fechado. Ele reagiu, tomou três tiros e
morreu. Tinha 46. Foi velado
com camisa branca, sapatos
engraxados -e um belo relógio no pulso.
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