São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Laudos do caso Isabella são falhos, diz perito dos Nardoni

George Sanguinetti, legista contratado pela defesa, descarta esganadura na menina

Advogados de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá pretendem pedir anulação do processo; IML e IC não comentaram as críticas


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os especialistas contratados pela defesa do casal Nardoni contestaram ontem os laudos sobre a cena do crime e a causa da morte de Isabella Nardoni, 5. Em entrevista em São Paulo, o médico George Sanguinetti e a perita aposentada Delma Gama chamaram os laudos dos institutos da Polícia Técnico-Científica de "medíocres".
Alexandre Nardoni, 29, pai de Isabella, e Anna Carolina Jatobá, 24, madrasta, estão presos sob a acusação de assassinar a menina. Eles negam. O IML (Instituto Médico Legal) fez o laudo sobre a causa da morte e o IC (Instituto de Criminalística), da cena do crime.
Os advogados do casal pretendem pedir a anulação do processo criminal, utilizando os pareceres para descaracterizar a denúncia da Promotoria. Amanhã, o pai e a madrasta de Isabella serão ouvidos pelo juiz Maurício Fossen. Será o início da ação penal contra os dois.
"O laudo é inservível, não está correto. Esse trabalho que está aqui é nulo de direito, porque não tem valor probante. É medíocre", disse Sanguinetti.
Embora não tenha apresentado seu parecer sobre os laudos, que afirma estar em fase de finalização, o especialista discorda da afirmação do IML de que Isabella morreu em decorrência de asfixia mecânica e politraumatismo. "Não há asfixia mecânica por esganadura sem marcas externas", disse.
De acordo com ele, as marcas no pescoço da vítima foram causadas pela queda, e não por tentativa de asfixia, como sugere o laudo do IC. O instituto afirma que Anna Carolina tentou esganar a enteada e que Alexandre jogou a menina por um buraco na tela de proteção da janela do quarto, no sexto andar, em 29 de março.
Para Sanguinetti, que ganhou notoriedade ao contestar o laudo sobre a morte do empresário PC Farias, o que matou Isabella foi o politraumatismo após a queda, principalmente o craniano. Ele discorda do IC, que diz que as fraturas no pulso e bacia da vítima foram feitas no apartamento. "Não houve agressão no imóvel."
Segundo Delma Gama, que analisou o exame sobre a cena do crime, Isabella não foi jogada da janela pelos pulsos, como afirma o laudo do IC, mas sim de cabeça para baixo. Ela trabalha com a hipótese de um terceiro suspeito. "Um um ladrão pode ter cortado a tela com a intenção de passar algum objeto do imóvel pelo buraco e visto a menina", disse. Ela reforça a versão da defesa, segundo a qual um ladrão atirou Isabella.
Para o advogado Marco Polo Levorin, "as informações que eles trouxeram são fortes".
Um grupo de cerca de 30 pessoas fez uma manifestação na frente do prédio onde foi dada a entrevista, pedindo "justiça".
A Secretaria da Segurança Pública não quis se pronunciar. As opiniões dos especialistas são "descabidas", diz o promotor Francisco Cembranelli, que denunciou o casal à Justiça.


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