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Veto a kit só considera igreja, diz educador
Opinião é de membro do Conselho de Educação
RAPHAEL MARCHIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A decisão da presidente
Dilma Rousseff, na quarta-feira, de suspender a distribuição e a produção do kit
anti-homofobia, encomendado pelo Ministério da Educação, gerou críticas entre especialistas em educação.
Para César Callegari, da
Câmara de Educação Básica
do Conselho Nacional de
Educação, a decisão do governo federal levou em conta
apenas a reação das igrejas
frente ao material.
"As igrejas tomaram isso
[o kit] como se fosse para
uma utilização sem critérios.
Mas, ao contrário, o material
iria dialogar com o conteúdo
pedagógico da escola e, adequadamente trabalhado,
ajudaria na luta contra a homofobia", afirma.
Idealizadora de um programa contra o bullying, a
psicopedagoga Elenice da
Silva diz apoiar qualquer iniciativa de combate à discriminação, mas pede diálogo
com a comunidade escolar.
"Precisamos combater o
preconceito e a intolerância
contra a diferença. Mas não
se pode chegar dizendo que
"tem de ser do meu jeito'",
afirma a psicopedagoga.
Já Quézia Bombonatto,
presidente da Associação
Brasileira de Psicopedagogia, concordou a presidente.
"O vídeo mostra que é "legal"
ser homossexual. Nunca vi
um vídeo mostrar que também é legal o outro lado [ser
heterossexual]."
Questionada sobre quais
trechos dos vídeos induzem à
homossexualidade, a psicopedagoga citou uma cena em
que o personagem principal
de um filme assume que sente atração por outro garoto.
"Deve-se falar da sexualidade, mas fazer apologia é
diferente", argumentou.
A psicopedagoga ainda vê
risco de os vídeos provocarem uma situação de bullying. "O aluno pode reconhecer o comportamento dos
personagens em algum colega e passar a discriminá-lo."
INSTRUMENTO
Neide Noffs, coordenadora do curso de psicopedagogia da PUC-SP, não quis comentar o conteúdo do kit,
mas o desabona como o instrumento mais adequado na
luta contra a homofobia. "Já
vi muitas campanhas em gibi
que não dão resultado."
Como solução para o combate à discriminação sexual,
Neide recomenda investimento no professor.
"O processo de formação
precisa ser mais adequado, e
o debate, qualitativo. O kit é
um pretexto para mascarar a
falta de qualidade na educação", afirma ela.
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