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Governo anuncia grupo móvel antitortura
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal anunciou a
criação de um Grupo Móvel Contra Tortura, que vai tentar coibir
um crime que é cometido majoritariamente por agentes públicos.
A atuação desse grupo vai seguir o molde das ações feitas pelo
Ministério do Trabalho, por meio
das delegacias regionais, para flagrar denúncias de trabalho escravo. As equipes serão acompanhadas por força policial para garantir sua eficácia.
"A tortura é um crime de Estado", afirmou o secretário nacional
de Direitos Humanos, Nilmário
Miranda, ao relatar que os policiais lideram o ranking das denúncias de tortura no país.
Policiais civis e militares responderam por mais de 60% das
1.684 queixas ao serviço SOS Tortura no período de 30 de outubro
de 2001 até ontem.
A idéia é que uma equipe da secretaria faça diligências-surpresa
pelo país, com base nas denúncias
recebidas pela central do SOS.
Dependendo do caso, a equipe
móvel poderá receber suporte do
Ministério Público e da polícia estadual. Se for considerado tortura, o crime é federalizado e passa a
ser de competência da PF.
Um caso ocorrido no Tocantins
simboliza, para Miranda, o problema da tortura no país: a história de F.,17. Em dezembro passado foi registrado um assalto à casa
de um funcionário público de
uma cidade no interior do Tocantins. Quatro meses depois, o garoto -filho de uma faxineira- foi
acusado por PMs de ser o autor.
Segundo o garoto, ele passou
por duas sessões de tortura, sendo
que, na segunda, foi abandonado
desacordado num matagal. Ao
acordar, conseguiu uma carona
até o hospital mais próximo, numa cidade a 210 km da sua.
O caso chegou à Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Um
laudo do Instituto Médico Legal
confirmou as agressões.
O diferente nesse caso é o desfecho: os acusados tiveram a prisão
temporária decretada durante o
inquérito para não atrapalhar as
investigações. Detalhe: um dos
presos é o comandante local do
batalhão de inteligência da PM.
A Secretaria de Segurança do
TO enviou delegados da capital
para presidir o inquérito de F.
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