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Bens dos Richthofen são investigados
Promotoria recebeu números de duas supostas contas bancárias de Manfred Richthofen, pai de Suzane, na Europa
Ministério Público suspeita que enriquecimento ocorreu após desvios na Dersa, estatal na qual vítima de assassinato era diretor
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Ministério Público decidiu
reabrir investigação arquivada
no ano passado sobre suposto
enriquecimento ilícito, a partir
de desvio de verbas públicas,
por parte de Manfred von Richthofen, assassinado com a mulher, Marísia von Richthofen, a
golpes de barras de ferro, em 30
de outubro de 2002.
Pelo crime, a filha do casal,
Suzane von Richthofen, que facilitou o duplo homicídio, foi
condenada, na madrugada de
sábado passado, a 39 anos de
prisão e seis meses de detenção. Pena idêntica recebeu o
namorado dela, Daniel Cravinhos, que aplicou os golpes letais. Cristian Cravinhos, irmão
de Daniel e co-autor material,
foi condenado a 38 anos de prisão e seis meses de detenção.
Segundo nota de Ana Maria
Aiello, promotora de Justiça da
Vara de Cidadania e responsável pelo desarquivamento da
investigação, "novos dados"
tornaram necessário "procedimento para apurar eventual
desvio de verba pelo senhor
Manfred von Richthofen". A
promotora não concedeu entrevistas sobre o assunto, que
corre sob segredo de Justiça.
A Folha apurou que a investigação foi reaberta depois que
o Ministério Público recebeu
anonimamente documentos
sobre a movimentação de uma
empresa de engenharia em São
Paulo, de nome M.A.V.R. Engenharia, registrada em nome de
Manfred Albert von Richthofen -esse é o nome completo
do pai de Suzane. A sede da
M.A.V.R. é na rua Barão de Suruí, no Campo Belo, zona sul de
São Paulo, perto da casa dos
Von Richthofen. A mesma documentação trouxe dois números de contas com depósitos
em dinheiro na Europa.
Não é a primeira vez que o
Ministério Público investiga
suposto enriquecimento ilícito
de Manfred, que, na época do
crime, era diretor da Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário
S/A), empresa ligada ao governo do Estado e responsável, entre outras obras, pela implantação do Rodoanel Mário Covas,
com 170 km de extensão.
Manfred recebia na estatal
R$ 11 mil mensais. Marísia, que
mantinha um consultório psiquiátrico, tiraria em torno de
R$ 20 mil em consultas. No tribunal que julgou Suzane e os
irmãos Cravinhos, era voz corrente que o patrimônio familiar estava orçado em R$ 2 mi.
Na primeira fase da investigação sobre o suposto enriquecimento ilícito de Manfred, que
começou cerca de seis meses
depois do crime, Suzane e Daniel Cravinhos chegaram a ser
ouvidos na prisão pelo promotor encarregado. Suzane teria
dito desconhecer a existência
das tais contas no exterior. Já
Daniel disse que "ouviu falar"
em contas no exterior, mas não
precisou se se tratava de faturas de cartões de crédito ou de
depósitos bancários.
As investigações não prosperaram e, no ano passado, por
falta de elementos, o promotor
Túlio Tavares pediu o arquivamento. Na última sexta, a promotora Ana Maria Aiello avisou o acusador Roberto Tardelli que reabriria a investigação.
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