São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2006

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Bens dos Richthofen são investigados

Promotoria recebeu números de duas supostas contas bancárias de Manfred Richthofen, pai de Suzane, na Europa

Ministério Público suspeita que enriquecimento ocorreu após desvios na Dersa, estatal na qual vítima de assassinato era diretor


LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ministério Público decidiu reabrir investigação arquivada no ano passado sobre suposto enriquecimento ilícito, a partir de desvio de verbas públicas, por parte de Manfred von Richthofen, assassinado com a mulher, Marísia von Richthofen, a golpes de barras de ferro, em 30 de outubro de 2002.
Pelo crime, a filha do casal, Suzane von Richthofen, que facilitou o duplo homicídio, foi condenada, na madrugada de sábado passado, a 39 anos de prisão e seis meses de detenção. Pena idêntica recebeu o namorado dela, Daniel Cravinhos, que aplicou os golpes letais. Cristian Cravinhos, irmão de Daniel e co-autor material, foi condenado a 38 anos de prisão e seis meses de detenção.
Segundo nota de Ana Maria Aiello, promotora de Justiça da Vara de Cidadania e responsável pelo desarquivamento da investigação, "novos dados" tornaram necessário "procedimento para apurar eventual desvio de verba pelo senhor Manfred von Richthofen". A promotora não concedeu entrevistas sobre o assunto, que corre sob segredo de Justiça.
A Folha apurou que a investigação foi reaberta depois que o Ministério Público recebeu anonimamente documentos sobre a movimentação de uma empresa de engenharia em São Paulo, de nome M.A.V.R. Engenharia, registrada em nome de Manfred Albert von Richthofen -esse é o nome completo do pai de Suzane. A sede da M.A.V.R. é na rua Barão de Suruí, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, perto da casa dos Von Richthofen. A mesma documentação trouxe dois números de contas com depósitos em dinheiro na Europa.
Não é a primeira vez que o Ministério Público investiga suposto enriquecimento ilícito de Manfred, que, na época do crime, era diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa ligada ao governo do Estado e responsável, entre outras obras, pela implantação do Rodoanel Mário Covas, com 170 km de extensão.
Manfred recebia na estatal R$ 11 mil mensais. Marísia, que mantinha um consultório psiquiátrico, tiraria em torno de R$ 20 mil em consultas. No tribunal que julgou Suzane e os irmãos Cravinhos, era voz corrente que o patrimônio familiar estava orçado em R$ 2 mi.
Na primeira fase da investigação sobre o suposto enriquecimento ilícito de Manfred, que começou cerca de seis meses depois do crime, Suzane e Daniel Cravinhos chegaram a ser ouvidos na prisão pelo promotor encarregado. Suzane teria dito desconhecer a existência das tais contas no exterior. Já Daniel disse que "ouviu falar" em contas no exterior, mas não precisou se se tratava de faturas de cartões de crédito ou de depósitos bancários.
As investigações não prosperaram e, no ano passado, por falta de elementos, o promotor Túlio Tavares pediu o arquivamento. Na última sexta, a promotora Ana Maria Aiello avisou o acusador Roberto Tardelli que reabriria a investigação.


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