São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Dos 10 defensores, só 3 prestaram depoimento ontem à comissão de cassação
Testemunhas de defesa do vereador Izar não aparecem

Evelson de Freitas - 27.abr.99/Folha Imagem
Vereador José Izar (PFL), que pode ter o mandato cassado


OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

O vereador paulistano José Izar (PFL), que corre o risco de ser cassado, foi abandonado ontem por suas testemunhas de defesa. Das dez testemunhas que o vereador convocou para defendê-lo, apenas três prestaram depoimento à comissão processante que analisa o processo de cassação do mandato.
Dessas testemunhas, apenas uma defendeu o vereador. As outras duas evidenciaram a participação de Izar em irregularidades.
Izar é acusado pela CPI da máfia da propina de comandar um esquema de arrecadação de propina na Administração Regional da Lapa, controlada politicamente por ele até o início do ano. Ele é acusado ainda de ter utilizado a estrutura da regional como máquina de campanha de seu irmão Williams José Izar, candidato derrotado a deputado estadual na eleição do ano passado.
Das sete testemunhas que faltaram ontem, quatro eram parlamentares. O deputado estadual Reinaldo de Barros Filho (PPB) está de férias e não foi encontrado pela comissão.
Os federais Zé Índio (PMDB) e Arnaldo Faria de Sá (PPB) alegaram que tinham compromissos políticos em Brasília ontem. E o estadual Conte Lopes (PPB) não justificou sua ausência. As outras três testemunhas que faltaram são ex-funcionários de Izar.
Outros dois depoentes confirmaram a influência de José Izar na Regional da Lapa. Pedro Luiz Barrico de Souza, presidente da Sociedade Amigos do Parque Continental, disse que encaminhava reclamações de moradores ao gabinete do vereador. "Pela Câmara era mais fácil do que procurar diretamente a regional."
E a comerciante Zenaide Inácio afirmou já ter visto Izar na sede da administração regional.
O único que realmente defendeu o vereador foi seu irmão Williams José Izar. Ele negou que tivesse sido beneficiado pelo irmão durante a campanha e disse que não havia esquema de propina na Lapa. "Nenhum funcionário da regional colaborou com a minha campanha." Ele disse ainda que duvida que Izar seja cassado. "Não há provas contra ele."
O presidente da comissão, vereador Miguel Colasuonno (PPB), deu dois dias de prazo para a defesa de Izar convocar novas testemunhas ou reconvocar as que faltaram ontem. Esses depoimentos de defesa devem acontecer na próxima terça-feira.
A comissão tem uma dificuldade extra para lidar com a defesa de Izar. O vereador e seus advogados não acompanharam nenhuma sessão da comissão.
Izar alega que está em recesso parlamentar e que não foi comunicado pela comissão das datas das sessões. Ele também não compareceu ao depoimento de defesa, na segunda-feira da semana passada. Segundo vereadores da comissão, Izar está no Guarujá (litoral de SP), de férias.
O advogado que o defende, Hermes Paula Milan, apenas apresentou um documento de defesa prévia e arrolou as dez testemunhas de defesa. Depois, não participou das sessões.
Por isso, a defesa de Izar está sendo feita pelo advogado Luís Eduardo Siqueira Tiago, que é funcionário da Câmara Municipal e foi cedido pela comissão.
"O Izar foi comunicado e sabe perfeitamente que deveria estar aqui", afirmou Colasuonno. "Ele é o maior prejudicado, pois não está usando o amplo direito de defesa que lhe foi concedido."


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