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POLÍCIA
Decisão do governador cria nova área de conflito com policiais, que estão insatisfeitos com política de segurança
Rio suspende "gratificação faroeste"
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O governador do Estado do Rio,
Anthony Garotinho (PDT), decidiu suspender o pagamento dos
adicionais acrescentados aos salários dos cerca de 2.000 policiais
militares e civis premiados no governo passado com a chamada
"gratificação faroeste".
A medida criará uma nova área
de atrito com os policiais, que estão insatisfeitos com a política de
segurança adotada por Garotinho. O dinheiro da gratificação é
considerado um complemento
importante, pois os salários pagos
pelo Estado são baixos: os iniciantes ganham R$ 350 na Polícia Civil
e R$ 400 na PM.
A "gratificação faroeste" significava até 150% de aumento para
policiais que tivessem praticado
supostos atos de bravura, quase
sempre em ações que resultavam
na morte de acusados.
No ano passado, a gratificação
foi extinta pela Assembléia Legislativa, mas os policiais que já tinham sido beneficiados mantiveram os aumentos incorporados
aos salários.
Na prática, a decisão de suspender o pagamento dos adicionais
representa uma redução salarial.
O governador está instituindo
uma comissão para rever todos as
ocorrências criminais que resultaram na premiação de cerca de
2.000 policiais com aumento salarial e de cerca de 300 policiais com
promoções funcionais.
Os casos em que houver a suspeita de que o policial cometeu
homicídio serão enviados da comissão para uma delegacia da Polícia Civil, com abertura de inquérito. A seguir, os adicionais deixarão de ser pagos.
Antes de suspender o pagamento, o governador quer que a comissão analise caso a caso.
A Folha apurou que a maioria
das gratificações será mesmo suspensa.
A insatisfação na PM e na Polícia Civil tende a crescer ainda
mais com a nova decisão de Garotinho, anunciada no sábado: recompensar com até R$ 20 mil a
pessoa que indicar à polícia onde
prender criminosos.
Chefe de Polícia Civil no governo passado, o deputado estadual e
delegado Hélio Luz (PT) disse
considerar "um blefe" a proposta
da recompensa.
"Sou contra. Estamos voltando
ao faroeste. É um estímulo à delação, um absurdo. O projeto espetacular de segurança do Garotinho não existe", afirmou Luz.
A idéia de recompensar com dinheiro quem denunciar criminosos é do secretário estadual de Segurança Pública, coronel Josias
Quintal. Foi apresentada no sábado a Garotinho, que a apoiou.
Em novembro, a Assembléia
Legislativa aprovou uma lei que
autoriza o pagamento de recompensas. A lei ainda não foi sancionada pelo governador.
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