São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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Polícia não tem pistas de 12 mortes

da Sucursal do Rio

As investigações sobre a autoria das mortes de 12 supostos traficantes anteontem no complexo de favelas do morro de São Carlos (Estácio, centro do Rio) não avançaram ontem.
Nem a Polícia Civil nem a Polícia Militar tinham até as 19h de ontem pistas sobre os responsáveis pela matança.
Os policiais encarregados de apurar a chacina também não sabem os nomes de dez vítimas, que não tinham documentos.
Os únicos identificados foram Moysés Souza da Silva, 18, e Walquir Corrêa Nascimento. Ambos seriam traficantes do morro da Coroa, que integra o complexo de São Carlos.
O comandante do 1º BPM (Batalhão de Polícia Militar), tenente-coronel Romer Silveira e Silva, disse considerar provável que as vítimas não fossem da região.
"Até agora não apareceram parentes para reconhecer os corpos. Os policiais no complexo também não foram procurados por ninguém. Tudo indica que eles não eram dali."
Nas favelas da região, os moradores se referem aos mortos na chacina como "estrangeiros". Seriam membros de uma quadrilha de outra região do Rio, interessada em assumir o controle das "bocas" (pontos-de-venda) de cocaína e maconha do complexo.
"Há uma luta desesperada pela ocupação de áreas em que o lucro é maior. Essa é a verdade", disse o tenente-coronel Ivan Bastos, da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
A secretaria anunciou a ocupação do complexo pela PM por tempo indeterminado, a partir do dia da chacina.
Na prática, essa ocupação é pouco efetiva. Ontem, trabalhavam no morro da Mineira -onde teria ocorrido a chacina dos cinco homens cujos corpos foram encontrados em um táxi na Gamboa (zona portuária)- nove policiais do 1º BPM.
Esses policiais ficaram parados na localidade conhecida como Lixeira. As incursões não foram muito além dali.
O complexo de São Carlos é formado por 23 favelas, cujas quadrilhas são controladas pelas facções criminosas rivais Comando Vermelho e Terceiro Comando. (ST)


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