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SAÚDE
Verba foi utilizada em obras
Governo do DF terá de realocar R$ 177,9 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do Distrito Federal
tem de remanejar R$ 117.875.031
para o seu fundo de saúde dentro
de dez dias, segundo ordem despachada ontem pelo juiz Francisco Renato Codevila Pinheiro Filho, da 6ª Vara Federal em Brasília. A Justiça entendeu que o governo desviou ilegalmente os recursos do fundo, destinados por
lei a ações na área de saúde, para
obras de urbanização, construção
de casas, de uma ponte e ações assistenciais, como compra de cestas básicas e alimentos.
Pinheiro Filho acolheu parte
dos pedidos de liminares dos procuradores da República Humberto Jacques de Medeiros e Luiz
Francisco Fernandes de Souza e
do promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal
Jairo Bisol. Os três investigam as
razões da "falência" do sistema
público de saúde, detectada a partir do último trimestre de 2001, e
acusam o governo do Distrito Federal de ser responsável até por
mortes em unidades públicas.
Segundo sua assessoria, o governo do Distrito Federal só irá
comentar a decisão após a notificação. O governo pode recorrer.
Segundo o relato da ação cautelar proposta pelo Ministério Público, até o Hospital de Base, referência em atendimentos complexos, chegou a suspender todas as suas cirurgias cardíacas no último
mês de julho por causa da falta de
suprimentos. Os atendimentos de
pacientes com câncer, pessoas
que precisavam de transplantes e
o suprimento de medicamentos
de alto custo em todo o Distrito
Federal também foram afetados.
"Faltam os remédios essenciais,
insumos hospitalares, medicamentos especiais. Mas o DF recebe uma quantia fabulosa para
gastar em saúde e tem uma estrutura fantástica. Fomos verificar o
porquê da falta", afirma Bisol.
Segundo o promotor, inicialmente a Secretaria da Saúde alegou "entraves judiciais" nas licitações e "aumento da demanda de
outros Estados" para explicar os
problemas na assistência de saúde. Depois informou que havia
escassez de recursos -já teria
empenhado em menos de seis
meses mais de dois terços do orçamento de custeio deste ano.
O fundo, segundo o Ministério
Público, recebe R$ 1,2 bilhão para
gastos em saúde, a maior parte repassada pela União. Segundo a
ação, há uma diferença de R$
138,8 milhões entre o que o governo deveria aplicar de suas receitas
em saúde e o que foi orçado.
Os procuradores e o promotor
acusam ainda o governo de, a partir de agosto de 2001, ter deixado
de fazer licitações para comprar
insumos -para as quais tinha R$
6 milhões mensais. Neste ano,
mais de 90% das compras teriam
ocorrido sem licitação.
A investigação segue. A Promotoria prepara ação civil pública
combinada com ação de improbidade administrativa (má gestão)
contra o governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição. (FABIANE LEITE E SILVIA FREIRE)
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