São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

Com cumplicidade de funcionário, grupo conectava computador a caixas eletrônicos nos fins de semana

Quadrilha clona cartões com ajuda de vigia

DO "AGORA"

Um vigia de banco foi preso pela polícia de São Paulo sob a acusação de auxiliar uma quadrilha especializada em clonagem de cartões bancários.
De acordo com a polícia, o grupo acoplava um computador ao sistema de auto-atendimento do banco para ter acesso aos dados bancários dos clientes que faziam operações no fim de semana.
Três pessoas foram presas em flagrante em 18 de agosto, um domingo, aplicando o novo golpe, que culminaria com a clonagem dos cartões. O trio preso agiu na agência do Bradesco da rua João Cachoeira, 249, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo). Entre os presos está o vigia do banco, que, segundo a polícia, receberia R$ 20 mil para facilitar a entrada dos criminosos na agência.
Segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, do SIG (Setor de Investigações Gerais) da 2ª Delegacia Seccional Sul, que investiga pelo menos outros três casos semelhantes na região metropolitana de São Paulo, o golpe tem início com o aliciamento de vigias de agências bancárias.
O suborno do funcionário garante o acesso às dependências do banco durante o fim de semana. Um ou dois integrantes do grupo entram na agência no sábado de manhã e instalam na rede interna de computadores do banco uma CPU (unidade central de um computador).
Uma vez na rede, a CPU tem acesso ao sistema dos caixas de auto-atendimento da agência. Com isso, "eles obtêm os dados das contas dos correntistas que sacam dinheiro durante o final de semana", explicou o delegado. No domingo à noite, os bandidos voltam para pegar a CPU.
"Com as informações obtidas, inclusive a senha, os bandidos produzem cartões clonados, conhecidos como "gasparzinhos'", explica o delegado. Depois, eles realizam saques e outras transações com os cartões clonados. Os saques, segundo o delegado, começam já na mesma noite em que a CPU é recuperada.
Com isso, segundo Lopes, em poucos dias, o prejuízo dos golpes chega a R$ 500 mil por agência. "Só o Banco do Brasil perdeu R$ 50 milhões desde o início do ano. O Bradesco já perdeu R$ 26 milhões no ano", contou o delegado. A assessoria do Bradesco admite a tentativa de golpe na agência do Itaim Bibi, mas nega o prejuízo. O Banco do Brasil não retornou aos contatos da reportagem.
O caso é investigado pelo SIG há cerca de três meses, mas essa modalidade de crime já é praticada desde o início do ano, segundo o delegado. O flagrante na agência do Bradesco foi a primeira prisão de vulto. "Queremos a pessoa que produz as CPUs", disse Lopes.


Texto Anterior: Saúde: Governo do DF terá de realocar R$ 177,9 mi
Próximo Texto: Caso Tainá: Advogado baleado reconhece suspeito como autor dos disparos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.