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TRANSPORTE
Reajuste de até 9,68% entra em vigor no domingo e contraria declarações do governo; é a segunda elevação em 2003
Metrô sobe tarifa dos bilhetes múltiplos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
As tarifas dos bilhetes múltiplos
de dois e de dez do Metrô de São
Paulo e da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos) vão subir a partir da zero hora de domingo, sete meses e 12
dias depois do último reajuste.
O múltiplo de dez vai aumentar
9,68%, de R$ 15,50 para R$ 17,00.
O de dois, 5,88% -de R$ 3,40 para R$ 3,60. Até 19 de janeiro, eles
custavam R$ 12,50 e R$ 2,70, respectivamente. Na época, a alta
acima de 24% já era superior aos
14,7% de inflação do IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) da Fipe nos 18 meses anteriores. Nos
sete primeiros meses deste ano,
esse índice acumulou 5,21%.
Desta vez não haverá alteração
no valor do bilhete unitário de R$
1,90. Somente a passagem unitária de R$ 1,55, cobrada hoje apenas na linha 5-lilás do Metrô (Capão Redondo-Largo Treze) e em
estações da CPTM que não dispõem de catracas eletrônicas, terá
reajuste: passará a custar R$ 1,70.
A elevação dos preços aos usuários se dá depois de representantes do governo Geraldo Alckmin
(PSDB) terem descartado, nos últimos três meses, a possibilidade
de um novo reajuste das tarifas.
O Metrô enfrentou uma greve
de dois dias em junho. O TST
(Tribunal Superior do Trabalho)
concedeu, na época, a elevação
imediata de 12,13% nos salários
da categoria e duas parcelas de
3%, em janeiro e março de 2004.
O secretário dos Transportes
Metropolitanos, Jurandir Fernandes, alegava não ter recursos para
esse aumento. Cogitou não pagar
fornecedores e falou em atrasar as
obras da linha 4 (Luz-Vila Sônia),
mas negava com veemência a
possibilidade de mudança na passagem. O presidente do Metrô,
Luiz Carlos David, dizia que essa
hipótese era descartada em razão
de obstáculos legais -por já ter
havido um reajuste neste ano.
A nova justificativa do Estado,
que superaria os questionamentos jurídicos, é a de que a alta dos
bilhetes múltiplos de dois e de dez
não significa um aumento tarifário, mas uma "redução de descontos". Explicação: a tarifa unitária do Metrô é de R$ 1,90; os R$
15,50 cobrados pelo múltiplo de
dez seriam apenas um desconto
de R$ 3,50 no preço de dez viagens unitárias; agora, com a elevação do bilhete para R$ 17,00, esse
desconto passa a ser de R$ 2,00.
Os bilhetes múltiplos de dois e
de dez são os mais comprados pelos passageiros do Metrô e dos
trens, já que permitem uma redução no custo final da viagem. Na
CPTM, somente 14% dos usuários compram a passagem unitária -os 86% restantes se dividem
em vales-transporte (35%) fornecidos por empresas, múltiplos de
dois (26%) e de dez (25%).
O relatório operacional do Metrô de 2000 também apontava situação parecida: apenas 19% das
entradas na rede eram feitas com
os unitários. O Metrô transporta
2,5 milhões de passageiros por
dia. A CPTM, 1,1 milhão.
Fernandes não deu entrevistas
ontem. Nota da secretaria informou que "a redução do desconto"
se deve ao "reajuste de itens importantes, como energia elétrica e
serviços terceirizados, além do
dissídio dos metroviários".
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