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Entidades afirmam que salário baixo afasta médico
Cooperativas defendem que dão a profissionais maior poder de negociação
Paralisações são resultado de maior organização e mobilização da categoria contra falta de condições de trabalho, diz dirigente
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Representantes de associações de médicos e das cooperativas afirmam que, se os governos remunerassem melhor os
médicos, eles não precisariam
recorrer às cooperativas.
"Se os Estados fizessem concursos públicos com uma remuneração digna e atraente, os
médicos com certeza iriam fazer as provas. Agora, não adianta fazer um concurso público
para pagar um valor absurdo
para o profissional. Desse jeito,
o médico não tem que fazer o
concurso mesmo", disse o presidente da Coomeb (Cooperativa dos Médicos do Brasil), Giovanni Rattacaso, que reúne cerca de 2.000 profissionais em
cinco Estados da região Nordeste e no Pará.
"As cooperativas podem ser
um ponto de apoio para o médico e uma forma de união. De
forma alguma as cooperativas
impõem determinadas coisas
para os governos estaduais e as
prefeituras. As cooperativas,
como estão representando os
médicos, têm que buscar melhores condições de remuneração e de trabalho para seus cooperados", completou.
Segundo Rattacaso, as cooperativas não desestimulam os
governos a realizar concursos.
De acordo com ele, o fortalecimento das cooperativas levou a
uma maior conscientização e
mobilização aos médicos para
realizar paralisações e pedir
melhores salários.
Para José Augusto Ferreira,
presidente da Federação Nacional das Cooperativas Médicas, os médicos saem do serviço
público ou nem ingressam nele
porque que as instituições estão sucateadas.
"Os salários são ruins, os concursos não suprem as necessidades e não há plano de carreira e salários. O médico pede demissão mesmo. Isso aconteceu
no Nordeste e começa a acontecer em Minas Gerais."
Na avaliação de José Erivaldes de Oliveira, secretário-geral da federação dos médicos, a
nova geração de profissionais
quer mais qualidade de vida.
"Está acabando aquela era de
médicos que precisavam ter
inúmeros empregos para conseguir ter uma situação mais
decente. Ele não sai [do SUS] só
por dinheiro. Sai porque não
agüenta mais a falta de segurança, de infra-estrutura."
Há vários tipos de cooperativas médicas atuando no país.
As principais reúnem profissionais de um mesmo local de
trabalho ou de uma categoria,
como a dos anestesiologistas,
hoje presente em 22 Estados.
"O médico é, por natureza,
muito desorganizado, não cuida bem de valores. A cooperativa veio preencher esse espaço.
Gera ganhos nas negociações,
ganho de aumento de valores
de honorários e de organização
do faturamento."
(CC e CA)
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