São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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EUA anulam pena de prisão perpétua para 2 brasileiros

Condenados pelo sequestro de brasileira e do filho dela, eles terão direito a novo júri

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A Corte de Apelação da Califórnia (EUA) anulou uma sentença que condenava à prisão perpétua os brasileiros Alaor do Carmo Oliveira Júnior e Reynaldo Eid Júnior.
Eles foram condenados em março de 2009 pelo sequestro e cárcere privado de uma brasileira e de seu filho.
Os dois terão novo julgamento. Segundo a acusação, eles pediram resgate de US$ 14 mil ao marido da mulher.
A corte entendeu que houve falhas por parte da juíza do caso ao instruir os jurados sobre o processo. Se não houver recurso da Promotoria, o novo júri deve ser em 60 dias.
A cabeleireira Mary Souza Oliveira, 50, mulher de Alaor, disse que soube da decisão pelo ex-cônsul-geral-adjunto brasileiro em Los Angeles, Júlio Victor do Espírito Santo, que acompanhou o caso e atua hoje na Suíça.
A defesa argumenta que os brasileiros foram vítimas de uma armadilha. A mulher teria forjado o sequestro para ter direito a um "green card" -a legislação californiana permite que vítimas de crimes graves ganhem o direito de morar nos EUA.
Alaor trabalhava na época como carpinteiro, mas, para ganhar um dinheiro extra, fazia bico como motorista da empresa de transporte de Reynaldo Eid Júnior.
Pelo relato da cabeleireira, o marido da "sequestrada", Jeferson Ribeiro, pediu ao serviço de transporte que buscasse sua mulher e o filho, que haviam acabado de entrar ilegalmente nos Estado Unidos pelo México. Mary nega ter havido sequestro.
A família não vê Alaor desde 2000, quando ele foi para os EUA trabalhar como carpinteiro para pagar a faculdade dos filhos. O carpinteiro foi preso em novembro de 2005, um mês antes de voltar ao Brasil para visitar a família, conhecer o neto e assistir ao casamento de um filho.
"Está todo mundo muito feliz. É a primeira notícia boa em cinco anos. É uma vitória muito grande, porque revisão de prisão perpétua é raríssima. Ele estava quase que como no corredor da morte", afirma a cabeleireira.
Desde a prisão de Alaor, Mary nunca mais ouviu a voz do marido. Eles só se comunicam por meio de cartas.


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