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SAÚDE
Porta-voz afirma que presidente não vê motivo para discussão, já que o texto aprovado só regulamenta lei existente
FHC diz não entender polêmica sobre aborto
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, por
meio do seu porta-voz, que não vê
motivo para polêmica em relação
ao projeto que regulamenta o
aborto legal.
Segundo o projeto, os hospitais
credenciados pelo governo são
obrigados a atender solicitação de
aborto nos casos permitidos pelo
Código Penal (estupro e risco de
vida para a gestante).
Segundo o porta-voz Sergio
Amaral, FHC "não entende a celeuma que se está criando em torno dessa questão".
Amaral lembrou que o projeto
em tramitação na Câmara regulamenta uma lei já existente, o Código Penal, de 1940. "Ele (o projeto)
não vai disciplinar o aborto. Ele
não muda aquilo que já existe. O
que já existe está fixado em lei."
O artigo 128 do Código Penal diz:
"Não se pune aborto praticado
por médico. Se não há outro meio
de salvar a vida da gestante; se a
gravidez resulta de estupro e o
aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal".
O ministro Carlos Albuquerque
(Saúde) disse na semana passada
que iria pedir ao presidente que
vete o projeto, caso ele seja aprovado pelo Congresso.
O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e
ainda precisa ser votado pelo plenário da Câmara e pelo Senado.
Segundo o projeto, os hospitais
credenciados pelo SUS (Sistema
Único de Saúde) são obrigados a
atender, no máximo em sete dias,
solicitação de aborto quando a
gravidez resultar de estupro ou
puser em risco a vida da gestante.
"Isso não está dando nenhuma
autorização nem retirando nenhuma autorização", repetiu o porta-voz da Presidência.
Diante das perguntas dos repórteres sobre a opinião do presidente, o porta-voz disse que FHC só
irá se posicionar depois de analisar
o projeto. Se for aprovado pelo
Congresso, ele precisa ser sancionado por FHC para virar lei.
CNBB
A CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) se manifestará contrária ao projeto em nota
que será divulgada sexta, ao fim da
39ª reunião ordinária do Conselho
Permanente da entidade. A reunião começou ontem em Brasília.
A nota condenará a alteração da
lei sobre planejamento familiar,
apoiada pelo governo, que permite a esterilização de homens e mulheres em hospitais públicos.
Essa alteração, resultado da derrubada de vetos presidenciais pelo
Congresso, foi tema do programa
de rádio de FHC, ontem (veja texto
abaixo). Em entrevista publicada
no domingo pela Folha, o secretário-geral da CNBB, d. Raymundo
Damasceno, defendeu a desobediência ao projeto do aborto legal,
caso vire lei.
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