São Paulo, quinta, 27 de agosto de 1998

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EDUCAÇÃO
Conselheiros da UFRJ devem aprovar moção pedindo a renúncia de Vilhena
Reitor evita reuniões, acusa conselho

da Sucursal do Rio

A desocupação da reitoria não encerrou a crise na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Integrantes do Conselho Universitário acusam o reitor José Henrique Vilhena de cancelar a reunião prevista para hoje com o órgão para evitar o constrangimento político de ver aprovada uma moção para que renuncie ao cargo.
"Ele vem cancelando as reuniões desde a sua nomeação, há dois meses. E a razão é que vai prevalecer o pedido para que renuncie", disse o conselheiro Carlos Lessa, decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas.
Vilhena mandou cancelar a reunião sob o pretexto de que tinha agendado compromissos em Brasília, como um encontro com o ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Desde sua nomeação, no dia 7 de julho, é a quarta vez que o reitor cancela a reunião do Conselho Universitário.
A próxima reunião do conselho foi adiada por 15 dias.
Lessa disse que Vilhena tem minoria no conselho, tendo perdido a legitimidade para administrar a UFRJ por quatro anos. Segundo o decano, o reitor deverá passar por outro constrangimento, quando se reunir com o conselho: não conseguirá aprovar a sua lista de cinco vice-reitores.
Com 75 integrantes, o Conselho Universitário funciona como uma espécie de órgão legislativo. Presidente do conselho, Vilhena depende, por exemplo, da aprovação do orçamento de 99 da UFRJ e dos nomes de seus adjuntos, que passam pela análise do órgão.
Lessa disse que, informalmente, Vilhena pode até escolher seus vice-reitores, mas estes não poderão assinar nenhum documento. "Ele terá que assinar todos os documentos. É uma situação de terrível constrangimento. A universidade é que fica desgastada."
Vilhena, por sua assessoria de imprensa, mandou dizer que sua ida a Brasília não é "nenhuma jogada" para evitar se reunir com o conselho. Segundo a assessoria, Vilhena encontrou a reitoria toda revirada, com computadores com vírus e telefones quebrados, em decorrência da ocupação de um mês e meio, e precisa de tempo para elaborar suas "grandes linhas de trabalho" e apresentá-las ao conselho.
Por ordem judicial, estudantes e funcionários desocuparam na última sexta-feira a reitoria da UFRJ. A reitoria foi invadida no início de julho como protesto pela escolha de Vilhena para reitor pelo governo federal. Embora a escolha tenha sido legal, Vilhena ficou em terceiro lugar em votação da comunidade universitária. "A nomeação dele é legal, mas não é legítima", disse Lessa.



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