São Paulo, quinta, 27 de agosto de 1998

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CRIME
Ele havia sido condenado por um crime igual em 77; solto em 91, está sendo acusado novamente de assassinato
Barbeiro é acusado de esquartejar 2ª mulher

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

O barbeiro Jonas Prates Evangelista está sendo acusado novamente de matar, esquartejar e atirar num poço o corpo da mulher. Vinte e um anos separam os dois crimes, ambos ocorridos na mesma casa, no Jardim Nakamura (zona sul de São Paulo).
Em 77, a descoberta do corpo de Idenis Marta Evangelista, sua mulher, levou Jonas a permanecer quase 15 anos na cadeia. Na época, a Justiça decidiu submetê-lo à medida de segurança, a fim de que ficasse detido em tratamento até a cessação de sua periculosidade.
Solto em 91, o barbeiro, que se diz inocente, voltou a morar na rua Manoel Vitor de Jesus. Vendia bilhetes de loteria para sobreviver. Nunca mais se casou.
"Sou impotente. Não posso manter relações sexuais. Por isso minha mulher (Idenis) saía com outros homens", disse Jonas. Há dois meses, Valquíria Aparecida de Oliveira Silva, 31, teria passado a morar em sua casa.
O imóvel fica abaixo do nível da rua. Tem quatro cômodos -sala, cozinha e dois quartos. No quintal, existe uma fossa. Valquíria havia deixado o marido.
Na sexta-feira passada, por volta das 20h30, um vizinho ouviu gritos na casa. Em seguida, a testemunha escutou um barulho como se o barbeiro estivesse cortando lenha. Depois, silêncio.

Tacho
De acordo com o delegado Marcelo Guedes Damas, da equipe H-Sul do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), uma outra testemunha viu, por volta da 1h de sábado, o acusado com um cabo de vassoura mexendo algo em um tacho.
No tacho foram encontrados fios de cabelo. "Ele cortou a cabeça da vítima e a queimou no tacho com gasolina", afirmou o delegado.
Na manhã de sábado, a cabeça semiqueimada, numa caixa de isopor, foi achada em uma casa em construção na rua Agamenon Pereira da Silva, a 150 metros de onde mora o ex-marido de Valquíria.
Um irmão da vítima a reconheceu e deu aos policiais o endereço do barbeiro. Na casa dele, manchas de sangue faziam uma trilha até a fossa.
Os bombeiros foram chamados e retiraram o tronco de Valquíria do poço, que tem dez metros de profundidade e um de diâmetro -ontem, novas buscas resgataram dois braços e uma perna.
Perto da casa, os policiais detiveram o barbeiro, que teve e a prisão temporária decretada. No interior dela, foi encontrada uma banheira suja de sangue.
O DHPP apreendeu duas enxadas, uma pá, um cutelo e dois serrotes -um deles também sujo de sangue-, o tacho e o cabo de vassoura queimado. "Querem me incriminar", disse o barbeiro.



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