São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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DESASTRE NO RIO

Como outro prédio ameaça desabar, Defesa Civil não retirou escombros ontem; 2 continuam desaparecidos

Medo de novo acidente suspende procura a vítimas

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Devido à ameaça de desabamento do prédio número 57 da rua do Rosário, vizinho ao edifício que caiu anteontem, não foi possível ontem a retirada de escombros e a procura de possíveis vítimas soterradas.
Técnicos da Defesa Civil da Prefeitura do Rio e da Defesa Civil estadual passaram o dia trabalhando no escoramento do prédio. Outros 12 edifícios do quarteirão estão interditados.
Sob os escombros podem estar os corpos de um homem e uma mulher, que, segundo o porteiro Raimundo de Melo, estavam hospedados no hotel Linda do Rosário, que funcionava no prédio. As autoridades não confirmam essa suspeita porque, até o início da noite, ninguém reclamou a ausência de parentes e amigos.
Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, coronel João Carlos Mariano, a estimativa é de que apenas ao meio-dia de hoje sejam retomadas as buscas.

Inclinação
O escoramento foi feito com vigas metálicas amparadas na fachada do prédio em frente, uma agência bancária. A decisão foi tomada porque, na madrugada de ontem, mesmo após a retirada de entulhos, o prédio inclinou dois milímetros -totalizando oito milímetros de inclinação.
No prédio escorado funcionavam o Bar e Restaurante 57 e um anexo do hotel que ficava no prédio que caiu. O desabamento teria sido causado, segundo a prefeitura, pela reforma que estava sendo feita no primeiro andar, no Café e Bar Correio. Mariano disse que a retirada de uma laje pode ter provocado a queda.
À tarde, a governadora Benedita da Silva (PT) visitou o local do desabamento. Benedita consolou o dono do Bar e Restaurante 57, Carlos Augusto Marinho, que chorou e disse que "perdeu tudo", já que a possibilidade de demolição do prédio, segundo a Defesa Civil do município, é grande.
"Você está com vida. É isso que é importante. Vai ser feita uma avaliação para saber se o prédio tem condição de ser habitado ou não. Quando se tem uma situação dessa natureza, há negligência de alguém. Vamos apurar para saber de onde partiu a negligência", disse Benedita, candidata à reeleição.
Marinho afirmou que avisou os trabalhadores da obra que as "marretadas estavam causando rachaduras" no prédio, 20 minutos antes do desabamento.
Segundo a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura do Rio, o alvará do restaurante foi concedido em 1963. Os sócios do estabelecimento, segundo documentos da prefeitura, são Artur Luiz Dias de Almeida Lemos e Sandra Maria Caldas de Almeida Lemos. Até as 19h, a Folha não conseguiu localizá-los.
O delegado titular da 1ª DP, Rogério M. Franco, abriu inquérito para apurar as causas do acidente.


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