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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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CONTRABANDO

Julio Osvaldo Dominguez Dibb tenta registrar lacre do IPI como uma marca nas embalagens dos produtos

Empresário paraguaio quer "maquiar" selo de cigarro

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O empresário paraguaio Julio Osvaldo Dominguez Dibb, 63, conhecido como ODD, tenta registrar o selo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) como sendo uma marca nas embalagens de cigarros fabricados por sua empresa no Paraguai. O registro facilitaria o contrabando. A informação foi confirmada pela embaixada do Brasil em Assunção, capital do Paraguai.
Dibb é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo, que apura o esquema de contrabando de cigarros do Paraguai para o Brasil. A CPI da Pirataria da Câmara dos Deputados informou que vai acionar o congresso paraguaio para tentar ouvir o empresário.
O selo do IPI vem no lacre das embalagens de cigarros produzidos no Brasil. A intenção de tornar o produto fabricado no Paraguai idêntico ao brasileiro teria levado Dibb a tentar registar o selo no ministério paraguaio que cuida das relações comerciais como se fosse marca de suas empresas. O processo teve início em 2001.
O governo paraguaio consultou a embaixada brasileira em Assunção e foi informado, em 2002, que a concessão do registro facilitaria a falsificação de cigarros.
Segundo apurou a Agência Folha com fontes que trabalharam na embaixada, o empresário paraguaio ainda não desistiu de obter a marca, pois tenta alcançar seu objetivo com ações na Justiça.
Um dos principais empresários do Paraguai, Dibb disputou com o atual presidente da República, Nicanor Duarte Frutos, as prévias do Partido Colorado no ano passado. Também é presidente do time de futebol Olímpia, que foi campeão da Taça Libertadores em 2002. Sua família possui um jornal de circulação nacional e emissoras de rádio.
Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça pelo Ministério Público Federal levaram no início deste mês à prisão de Roberto Eleutério da Silva, conhecido como Lobão, acusado de comandar um esquema de contrabando de cigarros no Brasil.
Nas conversas, o Ministério Público identificou Dibb, pelo nome e pela voz, como sendo um dos homens que negociavam com funcionários de Lobão.
A Agência Folha procurou Dibb na quarta-feira e na quinta-feira em Assunção, no Paraguai, mas ele não foi encontrado.


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