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Curso profissional transforma favela
RANIER BRAGON
free-lance para a Agência Folha,
em Belo Horizonte
Os moradores da favela Pedreira Prado Lopes (região noroeste
de Belo Horizonte) decidiram
apostar na implantação de uma
escola profissionalizante para
mudar o cenário de degradação
imposto pelo tráfico de drogas.
Organizaram-se e reivindicaram que a unidade de ensino integrasse o orçamento da prefeitura em 95 e 96. Conseguiram ainda
um centro cultural e um posto de
saúde. Finalizadas em 98, as
obras consumiram R$ 550 mil.
"A escola atraiu crianças e adolescentes que agora não têm tempo para ficar na rua fazendo coisa
errada", conta Vicentina da Costa
Rocha, 49, que mora na favela
com a família. Ela avalia que a
violência não acabou, mas a escola foi um passo para isso.
A escola profissionalizante entrou em funcionamento no ano
passado. Já se formaram 214 alunos em cursos gratuitos como cabeleireiro afro, DJ e informática.
É possível ainda obter qualificação como babá, camareira, pedreiro, pintor ou em secretariado
administrativo e jardinagem/paisagismo. Há aula noturna para
quem deseja se alfabetizar.
O prédio da Escola Profissionalizante Raimunda da Silva Soares
ocupa um terreno de 558 metros
quadrados, com dois andares, oito salas de aula e jardins bem tratados. A arquitetura destoa do alto número de barracos que formam sua vizinhança.
"O índice de violência na nossa
comunidade mudou muito. Antes a gente abria o jornal e só via
crime e sangue. A polícia vinha
aqui todos os dias", diz Edna Maria Vieira Ferreira, 42, moradora
da favela desde que nasceu.
Edna, uma das filhas e o marido
(desempregado há um ano) fazem cursos profissionalizantes.
"Agora até pessoas de fora vêm
aqui. Antes, elas nem podiam entrar (na favela), pois eram barradas pelos "poderosos'", diz Edna,
em alusão a barreira que traficantes faziam na entrada da Pedreira.
Neste mês têm início 18 cursos,
e estão matriculados 419 dos cerca de 9.400 moradores da favela.
O grosso dos alunos é formado
por adolescentes em busca do
primeiro emprego, desempregados e mulheres chefes de família.
Segundo levantamento feito
pela prefeitura, em maio de 98
quase 60% dos chefes de família
da favela eram mulheres.
Os cursos acontecem em três
turnos, e os recursos para a manutenção do colégio, neste ano,
devem chegar a R$ 300 mil. A
prefeitura, que administra a escola, entra com R$ 200 mil. Os outros R$ 100 mil vêm do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
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