São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

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BARBARA GANCIA

Vai que é tua, São Paulo!

"M por M" , vote em Marta". O adesivo, com acabamento caseiro, foi visto esta semana no vidro de um carro que trafegava, ironia das ironias, pela avenida Água Espraiada, mais uma obra acusada de superfaturamento no rol das realizações do candidato Paulo Salim Maluf.
Não é preciso tomar o chulo slogan ao pé da letra para saber que a frase expressa o sentimento de um bocado de paulistanos.
Vamos e venhamos: nenhum dos candidatos a prefeito é um, digamos, Fiorello La Guardia. Ninguém aqui é exatamente um Haussemann, não é mesmo?
Marta Suplicy, a candidata que lidera as pesquisas com comodidade, nunca foi testada em um cargo executivo. E, a despeito de todas as batalhas politicamente corretas que travou ao longo da vida pública, ainda é capaz de deixar muito liberal de cabelo em pé por causa de atitudes desmioladas, como a defesa da libertação dos sequestradores de Abílio Diniz, por considerá-los presos políticos, ou o apoio a organizações da laia do MST, que não primam por operar à luz do dia.
Como se não bastasse, nesta braçada final da eleição, dona Marta deu para colocar as luvinhas de boxe de fora, tratando jornalistas com uma dose de autoritarismo que até então o público desconhecia.
À primeira vista, o outro candidato tem o currículo ideal. Aluno brilhante, engenheiro e administrador de primeira, é político de sete vidas, que nunca se acanhou diante de um novo desafio. Em teoria, o doutor Paulo Maluf poderia ser um Faria Lima ou um Figueiredo Ferraz do ano 2000.
Mas, mesmo que a bagagem do candidato fosse composta só das malas Louis Vuitton que ele tanto aprecia, não haveria como mudar a realidade.
No futuro, Paulo Maluf será lembrado como o sujeito que, nos anos 60, construiu o abominável elevado Costa e Silva e, no finzinho do século 20, afundou São Paulo.
Maluf entrará para a história como aquele alcaide que considerou a corrupção um mal menor e que sempre preferiu soluções a curto prazo, impregnadas de um característico odor eleitoreiro.
Até seus admiradores mais ferrenhos reconhecem: Paulo Maluf e o ato de faltar com a verdade formam um binômio.
É bom São Paulo abrir o olho: esta eleição virou uma encruzilhada de fogo. Colocamos no 2º turno um sujeito de quem não compraríamos um carro usado.
Será que o paulistano deseja enviar à classe política deste país a mensagem de que liberou geral?

QUALQUER NOTA

Injeção de ânimo
A atitude do governador Mário Covas, de colocar São Paulo à frente de sua doença e adiar a internação para poder votar, além de admirável, serve também como um "flashpower" a mais. Só com uma cuca legal dessas é possível colocar o maldito do câncer para correr.

Santos na cabeça
A diretoria do Santos F.C. parece até que sabe o que faz. Já que é para elevar o astral do governador, nada melhor do que colocar o meu querido Carlos Alberto Parreira no comando do nosso peixe. Alô, governador Covas! Quer ver como agora vai?


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