|
Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Vai que é tua, São Paulo!
"M por M" , vote em Marta". O adesivo, com acabamento caseiro, foi visto esta semana no vidro de um carro que
trafegava, ironia das ironias, pela
avenida Água Espraiada, mais
uma obra acusada de superfaturamento no rol das realizações do
candidato Paulo Salim Maluf.
Não é preciso tomar o chulo slogan ao pé da letra para saber que
a frase expressa o sentimento de
um bocado de paulistanos.
Vamos e venhamos: nenhum
dos candidatos a prefeito é um,
digamos, Fiorello La Guardia.
Ninguém aqui é exatamente um
Haussemann, não é mesmo?
Marta Suplicy, a candidata que
lidera as pesquisas com comodidade, nunca foi testada em um
cargo executivo. E, a despeito de
todas as batalhas politicamente
corretas que travou ao longo da
vida pública, ainda é capaz de
deixar muito liberal de cabelo em
pé por causa de atitudes desmioladas, como a defesa da libertação dos sequestradores de Abílio
Diniz, por considerá-los presos
políticos, ou o apoio a organizações da laia do MST, que não primam por operar à luz do dia.
Como se não bastasse, nesta
braçada final da eleição, dona
Marta deu para colocar as luvinhas de boxe de fora, tratando
jornalistas com uma dose de autoritarismo que até então o público desconhecia.
À primeira vista, o outro candidato tem o currículo ideal. Aluno
brilhante, engenheiro e administrador de primeira, é político de
sete vidas, que nunca se acanhou
diante de um novo desafio. Em
teoria, o doutor Paulo Maluf poderia ser um Faria Lima ou um
Figueiredo Ferraz do ano 2000.
Mas, mesmo que a bagagem do
candidato fosse composta só das
malas Louis Vuitton que ele tanto
aprecia, não haveria como mudar a realidade.
No futuro, Paulo Maluf será
lembrado como o sujeito que, nos
anos 60, construiu o abominável
elevado Costa e Silva e, no finzinho do século 20, afundou São
Paulo.
Maluf entrará para a história
como aquele alcaide que considerou a corrupção um mal menor e
que sempre preferiu soluções a
curto prazo, impregnadas de um
característico odor eleitoreiro.
Até seus admiradores mais ferrenhos reconhecem: Paulo Maluf
e o ato de faltar com a verdade
formam um binômio.
É bom São Paulo abrir o olho:
esta eleição virou uma encruzilhada de fogo. Colocamos no 2º
turno um sujeito de quem não
compraríamos um carro usado.
Será que o paulistano deseja enviar à classe política deste país a
mensagem de que liberou geral?
QUALQUER NOTA
Injeção de ânimo
A atitude do governador Mário Covas, de colocar São
Paulo à frente de sua doença e
adiar a internação para poder
votar, além de admirável, serve também como um "flashpower" a mais. Só com uma
cuca legal dessas é possível
colocar o maldito do câncer
para correr.
Santos na cabeça
A diretoria do Santos F.C. parece até que sabe o que faz. Já
que é para elevar o astral do
governador, nada melhor do
que colocar o meu querido
Carlos Alberto Parreira no
comando do nosso peixe.
Alô, governador Covas! Quer
ver como agora vai?
E-mail barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
Próximo Texto: Finanças públicas: Câmaras terão de cortar despesas em 2001 Índice
|