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FINANÇAS PÚBLICAS
Cerca de 15% dos municípios deverão enxugar gastos dos Legislativos para se adequar a tetos constitucionais
Câmaras terão de cortar despesas em 2001
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 15% dos municípios
brasileiros terão de reduzir gastos
com as Câmaras Municipais já no
próximo ano para se adequar aos
limites previstos na Constituição.
Proporcionalmente, a maior concentração de candidatos ao ajuste
está nas cidades cuja população é
superior a 500 mil habitantes.
Os dados constam de uma projeção feita pelo Ibam (Instituto
Brasileiro de Administração Municipal), organização não-governamental que promove estudos
relacionados ao municipalismo.
Segundo a Constituição, o prefeito que repassar à Câmara valores acima do teto estará cometendo crime de responsabilidade
(passível de punição com cassação e perda de direitos políticos).
Em algumas capitais, como Natal (RN), o gasto com a Câmara
supera em mais de 100% o teto fixado pela Constituição, de acordo
com a estimativa da entidade.
O levantamento, realizado pelo
coordenador do Núcleo de Articulação Político-Institucional do
Ibam, François Bremaeker, teve
como objetivo verificar o impacto
da emenda constitucional número 25, que fixou tetos para as despesas com os Legislativos municipais a partir de 2001.
De acordo com a emenda, aprovada pelo Congresso no início do
ano, municípios com até 100 mil
habitantes poderão comprometer
com as Câmaras, no máximo, 8%
de sua receita tributária (valor arrecadado com impostos próprios,
como IPTU, ISS e ITBI) somada
às transferências previstas em lei
(ICMS, IPVA etc.).
O teto será de 7%, 6% e 5%, respectivamente, nas cidades com
população acima de 100 mil até
300 mil habitantes, acima de 300
mil até 500 mil e acima de 500 mil.
A pesquisa realizada pelo Ibam
foi feita com base nas receitas e
despesas dos municípios de 1998,
os últimos dados disponíveis.
Mas, de acordo com Bremaeker, é
válida para projetar as mudanças,
já que não houve grandes alterações desde então.
O número exato de municípios
atingidos só será conhecido após
o fim do ano, quando serão calculados os gastos e receitas de 2000.
De um total de 5.507 municípios, o instituto pesquisou uma
amostra de 555 (10,08%). O índice
de municípios que gastam abaixo
do teto chegou a 85,95%.
Com base na amostragem, o
Ibam expandiu os números para
o universo de 5.507 municípios
brasileiros e chegou à conclusão
de que "as cidades de menor porte demográfico (...), por estarem
ainda muito aquém desses percentuais, terão a possibilidade de
ampliar a sua margem de gastos".
"Verifica-se, a partir dos dados
expandidos da amostra, que, para
atingir o objetivo de reduzir os
gastos em 14,05% das Câmaras
Municipais, corre-se o risco de
autorizar o aumento desses gastos
em 85,95% delas."
BNDES
Um estudo semelhante, produzido pela Secretaria de Assuntos
Fiscais do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), estimou que 84%
dos municípios com mais de 500
mil habitantes terão de reduzir os
gastos com as Câmaras, enquanto
apenas 27,9% das localidades
com população inferior a 100 mil
precisarão fazer o mesmo.
As diferenças entre os dois estudos são metodológicas. O do
BNDES tem como base informações de 1996 sobre 4.057 dos 5.507
municípios brasileiros.
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