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TRÂNSITO
Foram registradas 121 vítimas fatais no primeiro semestre; problema é alvo de programa de segurança criado por entidades
A cada 3 dias, morrem 2 motociclistas em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois motociclistas morrem a
cada três dias no trânsito da cidade de São Paulo. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
registrou 121 vítimas fatais entre
janeiro e junho deste ano.
A situação é considerada preocupante pelo engenheiro de segurança de trânsito da companhia,
Max Ernani de Paulo. "O número
de mortes entre motoqueiros é o
único que cresce, enquanto as vítimas fatais em acidente com pedestres e veículos vêm caindo."
Em 98, morreram 212 motociclistas em São Paulo. No ano passado, foram 245 mortes. A estimativa da Abram (Associação
Brasileira de Motociclistas) é que
o total de vítimas fatais neste ano
aumente 40% em relação a 99,
chegando a um motociclista morto por dia na cidade.
O crescimento das mortes
acompanha o boom de motos nos
últimos quatro anos em São Paulo. Em 1995, elas representavam
2,8% da frota da cidade (168.169
unidades). No ano passado, já
eram 7% do total (341.108 unidades). O registro mais recente do
Detran, de fevereiro deste ano,
aponta a existência de 350.405
motocicletas em São Paulo.
Mas o aumento do número de
motos não explica sozinho a taxa
de mortalidade. CET, entidades e
sindicatos de motociclistas, motoboys e empresas de entrega
concordam num ponto: o crescimento das mortes se deve principalmente à maneira como os motociclistas trafegam pela cidade.
Alta velocidade, direção perigosa, tráfego no espaço entre as faixas -mesmo em corredores movimentados- e falta de uma regulamentação da profissão de
motoboy são apontados como fatores que levam ao crescente óbito. Outro ponto mencionado é a
formação profissional deficiente
dos que trabalham com motos.
Com o intuito de discutir a
questão da segurança dos motociclistas e elaborar soluções para o
problema, a Abram lançou ontem, em São Paulo, o "Programa
de Redução de Acidentes com
Motocicletas".
A idéia é, em conjunto com o
Senai (Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial) e com
o apoio de órgãos governamentais, entidades de segurança no
trânsito, representantes dos motoboys, dos empresários do setor
de entregas e da indústria de motocicletas, colocar em prática dez
ações para reduzir o número de
acidentes envolvendo motos.
Entre elas estão a oferta de cursos por parte do Senai, a criação
de motovias e a proposta de uma
legislação mais rígida para o tráfego de motociclistas. Os motoboys
ressaltam outros pontos: aumento do pagamento por hora (que
hoje é em média de R$ 5) e o fim
da informalidade nas contratações por parte das empresas.
A cidade de São Paulo não está
preparada para o número crescente de motos e precisa se aparelhar para isso o mais rápido possível. O diagnóstico é do diretor do
DTP (Departamento de Transporte Público), José Luiz Nakama.
"O motociclista é imprudente,
mas o motorista também não está
preparado." Segundo ele, o ideal
seria fazer uma entrefaixa para
motos. "Mas requer muito investimento", disse. Outras alternativas seriam sinalização específica
para os motociclistas e a colocação de placas avisando o motorista para ter cuidado com as motos.
Isso poderá melhorar a situação
para pessoas como Aldemir Martins, 28, presidente da Umab
(União dos Motociclistas e Afins
do Brasil) e motoboy há oito anos.
Nesse período, ele conta já ter sofrido 15 acidentes, um quase fatal.
"Um ônibus passou por cima da
minha perna e fiquei um ano e
meio sem trabalhar."
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