São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

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VIOLÊNCIA
Menina estava com a mãe em veículo que passava pelo local do roubo
Assaltante mata criança de 3 anos em lotação no Rio

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

A menina Carina Fonseca Silva, 3, foi morta na manhã de ontem com um tiro na cabeça durante um assalto em Bangu, na zona oeste do Rio. A criança estava com a mãe dentro de uma Kombi de transporte de passageiros na estrada do Taquaral, entre as favelas Vila Aliança e da Coréia.
Um tiroteio aconteceu entre seguranças do comércio local e assaltantes que tentaram roubar um açougue. Moradores da área e a assessoria da Secretaria da Segurança do Estado afirmaram que traficantes da favela da Coréia mataram pelo menos um dos assaltantes. Estes seriam traficantes da Vila Kennedy, outra favela da zona oeste do Rio.
Rosana Carneiro de Oliveira, dona do açougue, disse em depoimento à polícia que, por volta das 10h, dois homens anunciaram o assalto e a trancaram dentro do frigorífico, com um funcionário. "Eu vi apenas um homem e depois só ouvi os tiros, porque fiquei trancado o tempo todo", disse o funcionário, que preferiu não se identificar.
Segundo testemunhas, um cliente do açougue, ao entrar na loja, percebeu o assalto e correu em direção a uma Kombi de lotação, que deixava um passageiro no local. O assaltante atirou na direção do veículo e atingiu Carina, que estava no colo de sua mãe, Simone Maria Fonseca de Araújo.

Tiroteio
Depois da morte de Carina, que morava em Santa Cruz, um bairro vizinho a Bangu, começou um tiroteio entre os assaltantes e os seguranças do comércio local. Segundo os moradores, após o tiroteio, o assaltante e seu comparsa buscaram refúgio na favela da Coréia, onde teriam sido mortos a mando de um traficante conhecido como Batata, que comandaria o tráfico de drogas no local.
Wellington Ramos Correia Filho, morador da favela da Coréia, foi baleado na perna sem gravidade. As aulas no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Rubem Braga, que fica a menos de cem metros do açougue, foram suspensas após o tiroteio.
No final da tarde, a assessoria da Secretaria da Segurança do Rio confirmou a versão dos moradores e informou que o corpo de um dos assaltantes, ainda não identificado, já estava no IML (Instituto Médico Legal).
No entanto, Irineu Barroso, delegado titular da 34ª DP (Delegacia de Polícia), desmentiu essa versão. "Ainda não existe nada confirmado. O corpo foi encontrado às 7h e o assalto foi às 10h. Não é porque ele é traficante que vou botar tudo na conta dele", afirmou Barroso.
No hospital Getúlio Vargas, na Penha (zona norte), Roberto Sales da Veiga, tio de Carina, afirmou que a mãe da menina estava em "estado de choque".


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