São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

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Grupo discute opções para a TV aberta

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

As mudanças rápidas que vêm ocorrendo na televisão brasileira -a diminuição da hegemonia da TV Globo, o surgimento de programas populares que arrebatam a audiência e a segmentação causada pela disseminação das emissoras de TV por assinatura- levaram um grupo de profissionais da área a iniciar a preparação de um "manifesto" sobre o que pensam para o futuro do meio.
"Estamos no momento de pensar o que fazer no futuro. Qual tipo de televisão queremos, o que pretendemos fazer?", disse o antropólogo Hermano Vianna, um dos organizadores do grupo, ao lado da atriz Regina Casé e de diretores como Guel Arraes, Marcelo Tas, Jorge Furtado e João Moreira Salles, entre outros.
O manifesto vem tomando forma por intermédio de e-mails trocados entre os profissionais e as propostas que vêm sendo discutidas foram o centro dos debates da mesa redonda "50 Anos de TV no Brasil: Trajetórias e Desafios" ontem, no último dia do 24º Encontro Anual da Anpocs.
O que preocupa o grupo, entre outras questões: o rumo à popularização da TV aberta, com programas do tipo "Ratinho", é o que o público efetivamente quer?
Na opinião da especialista em pesquisas Fátima Pacheco Jordão, da FPJ (Fato, Pesquisa e Jornalismo), há audiência, mas com questionamentos. "O popular que é mostrado não significa que seja o que as pessoas querem ver. Elas questionam coisas como a forma pela qual a imagem da mulher é apresentada", afirmou.
Esses questionamentos, na opinião de Hermano Vianna, abrem caminho para a busca de experiências que possam unir popularidade com qualidade. O desafio que vem sendo discutido pelo grupo é encontrar esse caminho.
Segundo Regina Casé, o grupo vem pensando, por exemplo, em criar programas infantis e opções para horários alternativos -fugindo da tirania do horário nobre. Pensam ainda em projetos como telefilmes.
"Trabalhar para uma TV a cabo é mais confortável, mas nos dá a impressão de estar trabalhando apenas para que um grupo de amigos veja o que estamos fazendo", disse Vianna.



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