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MORTE INEXPLICADA
Para advogado, caso tem relação com estresse; Anvisa diz que óbitos, raros, são associados a injeções de Plasil
Clínica nega a hipótese de falha médica
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Encarregado pela Clínica Santa
Maria para falar sobre o caso, o
advogado Luiz Marcelo Lubanco
negou que a morte de Cássia Eller
tenha sido provocada por erro
médico. Ele disse que o novo laudo do Ministério Público Estadual
não apresenta provas concretas
de que a cantora teria ingerido álcool e cocaína antes de morrer.
"O laudo só fala em hipóteses
que precisam de uma análise criteriosa para serem comprovadas.
É preciso de provas técnicas. Tenho certeza de que não houve
conduta equivocada da equipe
médica", afirmou.
Segundo Lubanco, nem mesmo
as declarações da percussionista
Lan Lan, que disse que Cássia havia ingerido álcool e achava que
usara cocaína, são consistentes
para a Justiça acreditar que a cantora utilizou substâncias entorpecentes. "Durante todo tempo, elas
disseram "eu acho que usou", mas
não dão certeza", disse Lubanco.
Na opinião do advogado, o resultado dos exames toxicológicos,
que descartaram o uso de álcool e
cocaína, já basta para tornar o novo laudo do Ministério Público
sem consistência.
Lubanco afirmou que o laudo
da Promotoria não apresenta nenhuma relação concreta da terapêutica adotada (o uso do medicamento Plasil) e a morte da cantora. "O Plasil não interage com o
coração." Para o advogado, a parada cardiorespiratória que levou
Cássia Eller a morte pode ser sido
provocada por estresse.
"A maioria das pessoas jovens
que morrem por problemas cardíacos é devido ao estresse", afirmou Lubanco. Quando morreu, a
cantora tinha 39 anos.
Mortes raras
Os raros registros de mortes associadas à metoclopramida, substância ativa do medicamento que
foi aplicado na cantora, são com a
forma injetável do remédio, informou a Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária).
A droga, para vômitos, só pode
ser vendida com receita médica.
Segundo o gerente Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios Clínicos da agência, Sérgio Nishioka,
a base de dados consultada pela
Anvisa relata seis mortes por parada cardíaca e arritmias associadas à forma injetável droga. Não
há, na literatura, explicação para
os eventos. "Pode estar relacionado até à velocidade da infusão."
Nishioka afirma que não há relato de evento adverso grave no
uso oral da substância. A metoclopramida, diz, é uma das drogas
mais usadas contra vômitos.
O toxicologista Anthony Wong,
responsável pelo Centro de Toxicologia do Hospital das Clínicas
de São Paulo, disse que só há na literatura relato de mortes após a
associação de estimulantes com a
substância, não de álcool.
A Aventis Pharma, fabricante
do remédio, informou que as reações adversas mais comuns registradas com o remédio são: inquietação, sonolência e fadiga, que
ocorrem em aproximadamente
10% dos pacientes.
"Como acontece com muitos
outros medicamentos, interação
medicamentosa pode ocorrer,
por exemplo, quando se administra a metoclopramida junto com
álcool, sedativos, hipnóticos, narcóticos ou tranqüilizantes. Neste
caso, os efeitos sedativos do medicamento podem ser potencializados", segundo o informe da
Aventis.
(MARIO HUGO MONKEN E FABIANE LEITE)
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