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MINAS GERAIS
Começa hoje audiência de ação contra fazendeiro por queimadura em garoto; indenização pedida é de R$ 52 mil
Homem é acusado de marcar jovem a ferro
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Um fazendeiro está sendo processado porque teria queimado,
com um ferro de marcar bois, um
adolescente de 15 anos em Betim
(região metropolitana de Belo
Horizonte). O ferimento deixou
uma cicatriz de sete centímetros,
com a forma da letra "R", na região abdominal do rapaz, que tem
problemas psiquiátricos.
A primeira audiência sobre o
caso, ocorrido em 23 de março de
2001, está marcada para hoje, em
Belo Horizonte. Serão ouvidas as
testemunhas de acusação. A ação
de indenização por perdas e danos é movida pelo adolescente e
por seu pai contra o fazendeiro.
A ação pede que o fazendeiro
Adilson Arruda da Silva seja condenado a pagar 200 salários mínimos (R$ 52 mil) por danos morais
e estéticos. Uma perícia anexada
ao processo, feita por um médico
escolhido pela Justiça, atestou que
o rapaz sofreu queimadura de segundo grau (profundidade intermediária) na barriga.
Segundo a advogada Viviane
Mayrink, autora da ação, o rapaz
foi ferido quando tinha 15 anos.
Na ocasião, ele teria ido buscar, a
pedido do fazendeiro, uma mula
que havia fugido. Ao retornar
com o animal, quando funcionários da fazenda terminavam uma
sessão de marcação de gado, teria
sido queimado com o ferro em
brasa por Silva.
A lesão, segundo Mayrink, causou "grave prejuízo emocional"
ao adolescente, com perda de auto-estima, o que teria sido comprovado por avaliação psicológica
feita pelo serviço de saúde mental
da Prefeitura de Betim.
O episódio foi investigado pela
Polícia Civil do município mineiro, que indiciou Silva por lesões
corporais culposas -ou seja, sem
intenção. O processo foi encaminhado para o Juizado Criminal
Especial (de pequenas causas),
onde ficou acertado o pagamento,
pelo fazendeiro, de R$ 200 a uma
instituição de caridade.
A advogada atua no caso por
meio de uma organização não-governamental (ONG) que presta
assistência jurídica a pessoas carentes. Para ela, inquérito e processo foram conduzidos com "falta de rigor" na apuração.
Acidente
A reportagem entrou em contato com o advogado que, de acordo com o registro do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais, representa Silva no processo. João Thales
Pinheiro de Mendonça afirmou
que não atua mais pelo fazendeiro
porque ele deixou de fazer contato com seu escritório.
O advogado afirmou que a defesa apresentada no início do processo era de um acidente, mas não
forneceu mais detalhes.
A reportagem não conseguiu localizar o fazendeiro Adilson Arruda da Silva, cujo telefone não aparece na lista telefônica.
A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette afirmou que, como
a ação corre em segredo de Justiça, não é possível verificar o nome
do atual advogado do acusado.
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