São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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JUSTIÇA

Sentença obriga companhia a pagar R$ 720 mil a parentes de vítima de incêndio; acidente aconteceu em 2001

Metrô terá de indenizar família de usuária

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô de São Paulo foi condenado, na última segunda-feira, a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 720 mil à família de Maria Eroina da Silva, morta devido a uma parada cardiorespiratória em agosto de 2001, quando um princípio de incêndio deixou passageiros presos em um trem. Foi o acidente mais grave da história da companhia.
A sentença foi dada pela juíza Maria Lúcia Ribeiro de Castro Pizzotti Mendes, da 32ª Vara Cível de São Paulo, e prevê que o valor seja atualizado monetariamente desde a data do acidente, além de acréscimo de juros moratórios de 1% ao mês e os honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação.
O Metrô, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado por obrigação de empresa pública.
Segundo a assessoria, a companhia lamenta a ocorrência, mas acredita que "não houve responsabilidade objetiva do Metrô no caso, que foi decorrente de um fato imprevisível".
A família de Maria Eroina não quis dar declarações ontem, mas seu advogado, Ademar Gomes, afirmou que o caso é um importante exemplo para que as pessoas lutem pelos seus direitos. Ele não quis comentar o fato de o Metrô recorrer da decisão.

Acidente
Maria Eroina da Silva é a única vítima fatal de falhas do Metrô em 27 anos de existência da companhia. O acidente começou com o rompimento de um cabo que leva energia aos trilhos, gerando uma série de curtos-circuitos na linha 3-vermelha, que liga as regiões leste e oeste da cidade.
Houve um princípio de incêndio que fez com que um trem parasse entre as estações Marechal Deodoro e Barra Funda.
A fumaça era tanta que o condutor não conseguiu prosseguir. Os passageiros ficaram presos dentro dos vagões.
Testemunhas e vítimas disseram na época que tiveram de sair dos vagões pela janelas, após quebrá-las, embora o Metrô tenha dito que as portas foram abertas no instante em que o trem parou dentro do túnel.
Maria Eroina, que trabalhava como chefe de limpeza da indústria de componentes eletrônicos CCE e tinha 56 anos, saiu com vida da estação do Metrô, mas morreu após dar entrada na Santa Casa de Misericórdia.
Ela chegou ao pronto socorro com parada cardiorespiratória. Além de Eroina, 26 pessoas ficaram feridas no acidente.


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