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Peças resgatadas são "lixão", diz especialista
DA SUCURSAL DO RIO
O mau estado do material encontrado pela Polícia Federal
indica que ele era uma espécie
de "lixão". A expressão foi usada pela diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio, Beatriz
Kushnir, não para diminuir a
importância do achado, mas
para ressaltar que já não está
mais com a quadrilha de Laéssio Rodrigues de Oliveira o que
de melhor foi furtado.
Kushnir foi chamada pelo
delegado Alexandre Saraiva às
20h30 de quinta-feira para
conferir o material. "Muitas
coisas já deviam estar havia
bastante tempo com o Laéssio,
porque estão em decomposição
e com marcas de fungos", contou a historiadora.
As gravuras de Debret e Rugendas, aparentemente as peças mais valiosas do lote, têm
fungos e cortes, o que pode explicar não terem sido repassadas. Esses furtos são encomendados por colecionadores e não
ficam por muito tempo com os
ladrões. Podem parar também
nas mãos de leiloeiros, como no
caso de dez livros e três gravuras da Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo, que haviam sido leiloados pela Babel
Livros, no Rio, e foram recuperados no ano passado.
"O importante é que o delegado Saraiva intensificou a
campanha, como tinha prometido, e o Laéssio foi preso. Acho
que será possível mapear agora
para onde foram as obras e
quem são os colecionadores
que fazem as encomendas",
disse Kushnir.
Ela começará na segunda-feira a identificar o que pertence ao arquivo que dirige. Em junho de 2006, no feriado de Corpus Christi, ladrões retiraram
do prédio cerca de 2.000 fotografias, além de cartões-postais, gravuras, revistas, livros
raros e mapas. Não foi arrombada uma porta sequer. E nada
foi recuperado até hoje.
Na Biblioteca Nacional, também sem arrombamentos, sumiram 949 peças, incluindo 751
fotos, perda avaliada em R$ 7,5
milhões. Uma pequena parte
foi recuperada. O Museu Nacional recuperou mais de 200
gravuras arrancadas de seus livros. As perdas foram descobertas em 2004 e a PF chegou a
Laéssio como um dos ladrões.
A pedido da PF e sem valor de
perícia, Kushnir avaliou que os
jornais antigos de São Paulo encontrados podem ser do acervo
da Biblioteca Mário de Andrade e revistas de teatro, do Museu do Teatro, do Rio. E há
exemplares da "Revista da Semana" com o carimbo da Biblioteca Nacional. Procurados
pela Folha, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional e o Instituto Geográfico e Histórico
da Bahia disseram aguardar
um contato da PF para se manifestar. Um representante da
Mário de Andrade virá ao Rio
na segunda ver o material.
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