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Creche usa "mala da diversidade" para discutir diferenças
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
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Crianças da creche Heitor Villa Lobos (Santo André), que usa uma 'mala da diversidade', com bonecos de cores branca, preta e marrom, para debater a igualdade racial
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTO ANDRÉ
DA AGÊNCIA FOLHA
Quando uma das professoras
da creche Heitor Villa-Lobos,
em Santo André, retira uma
maleta do armário, as crianças
correm em sua direção. Querem os bonecos de pano semelhantes a cada uma delas. "Tem
branco, preto e marrom. E os
cabelos são todos diferentes",
dizem os alunos, de três a cinco
anos, todos ao mesmo tempo.
Conhecida como a "Mala da
Diversidade", o projeto da creche municipal foi premiado no
4º Prêmio Educar para a Igualdade Racial, do Ceert (Centro
de Estudos das Relações do
Trabalho e Desigualdades), que
reconhece escolas e professores que cumprem a lei 10.639.
Em 2007, após atividade em
que os alunos fizeram auto-retratos no papel em tamanho
real, os educadores, que passaram por curso de formação do
MEC, decidiram elaborar bonecos que as crianças pudessem levar para casa.
Os professores costuraram
bonequinhos de pano em branco, marrom claro e marrom escuro. Chamaram os pais dos
197 alunos da creche para escolher os que representavam seus
filhos e acrescentar rosto, cabelo e roupa. Alguns pais de filhos
negros, conta a diretora da creche, Rosane Arioza, escolheram a cor branca ou a marrom
claro para seus filhos.
"Neste ano, depois de toda a
discussão sobre as diferenças
entre os colegas, notamos
crianças que começaram a se
queixar e dizer: "minha mãe me
fez branca, mas eu sou marrom". A criança não estava se
identificando. Chamamos os
pais, que concordaram em refazer os bonecos."
A diretora estima que 20%
dos alunos sejam negros.
Todas as segundas, um sorteio nas salas decide quem vai
levar a mala para casa por três
dias. Em um livro de depoimentos guardado dentro da
mala, os pais escrevem sobre as
experiências dos filhos com os
bonecos. "O objetivo é que reconheçam as diferenças e melhore a auto-estima desde cedo", diz Arioza. A creche promove ainda atividades com comida típica, música e dança
africanas.
(CA e TR)
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