DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de ajudar os filhos que prestam vestibular, alguns pais usam orações e pedidos a Deus. Tanta preocupação, às vezes, pode até prejudicar.
Foi o que aconteceu com Eliane Viana Meijomil, 21. Ao chegar em casa após terminar a prova da primeira fase da Fuvest no ano passado, ela foi surpreendida por uma vela de sete dias acesa em frente à imagem de santo Expedito, o das "causas impossíveis".
A vela havia sido acesa por sua mãe, Elisa Viana Janeiro, 63, que ficou em casa rezando enquanto a filha prestava vestibular.
Eliane concorria a uma vaga no curso de ciência da computação e, apesar das orações da mãe, não conseguiu ser aprovada. Ela fará vestibular neste ano novamente.
"Minha mãe ficou muito mais nervosa do que eu e acabamos até brigando por isso. Apesar de ela não cobrar diretamente de mim que eu fosse aprovada, eu ficava me cobrando e me sentia na obrigação de passar", contou a estudante, que diz estar mais preparada e mais calma neste ano.
Já Maria Gedalva dos Santos, 47, mãe de Deivid Christian dos Santos, 24, é lavadeira e, por não ter tido a oportunidade de estudar, sempre incentiva seus filhos a fazerem uma faculdade.
No dia da prova, ela disse que vai orar e pedir que Deivid seja aprovado. Ela admite que já pegou muito no pé dele para que estudasse. "Mas eu vejo que ele está se esforçando e, por isso, vou orar muito para que Deus o ajude."
Na contramão dos pais que ficam ansiosos está Victor Hargrave Alves da Silva, pai de Isabel, 17, que vai prestar história pela primeira vez. Ele e sua mulher, Conceição, irão levar e buscar a filha no local da prova, mas, durante as cinco horas de exame, vão passar o domingo como em um final de semana comum.
Para Silva, buscar a filha após a prova é uma demonstração de apoio neste momento de transição. "Tento passar confiança sem cobrança", disse, acrescentando que teve a mesma atitude com os outros dois filhos. (FERNANDA BASSETTE E PALOMA VARÓN)

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